O encontro virtual de três dias da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) terá a participação do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assim como de autoridades da China e Rússia.
A situação em Mianmar tem destaque na agenda, consequência do caos no país desde que os militares assumiram o controle do país em fevereiro, com uma repressão extremamente violenta dos dissidentes.
A ASEAN estabeleceu um plano para restaurar a paz em Mianmar, mas persistem as dúvidas sobre se a junta militar estaria disposta a acatar.
A recusa a permitir que um enviado especial se reúna com a ex-governante civil deposta, Aung San Suu Kyi, levou o bloco a excluir o comandante da junta, Min Aung Hlaing, da reunião.
O golpe acabou com um breve período democrático em Mianmar. A face mais visível do governo civil e vencedora do prêmio Nobel da Paz, Suu Kyi, enfrenta uma série de acusações judiciais que podem resultar em décadas de prisão.
A líder de 76 anos, uma pedra no sapato dos generais durante anos, deveria prestar depoimento nesta terça-feira em uma audiência fechada em um tribunal, sem a presença da imprensa.
A exclusão de Min Aung Hlaing foi uma decisão sem precedentes de uma organização que é criticada com frequência pela falta de iniciativa.
A junta militar criticou a decisão da ASEAN, que considerou um rompimento na política da associação de não interferir nos assuntos do Estados membros.
O bloco de 10 países convidou para a reunião Chan Aye, diretor geral do ministério das Relações Exteriores do governo militar.
Mas um porta-voz da junta explicou na segunda-feira que enviar uma pessoa de cargo menos elevado poderia "afetar a imagem e a soberania do país", e por isso nenhum representante foi enviado.
Na abertura da reunião, um telão mostrou os governantes presentes, com a palavra "Mianmar" onde devia estar o representante do país.
O primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien Loong, lamentou a situação "lenta" desde o golpe de Estado em Mianmar.
"Isto tem consequências reais para o povo de Mianmar e a credibilidade da ASEAN como uma organização com regras", afirmou a reunião organizada por Brunei.
Alguns analistas elogiaram a decisão do bloco de excluir o chefe da junta birmanesa, mas outros não acreditam em medidas mais severas, como a exclusão do país.
A reunião abordará outras questões como a situação no Mar da China Meridional, foco de disputas entre a China e vários países da ASEAN, e a pandemia de coronavírus.
O encontro acontece em Brunei, mas em grande parte é celebrado de forma virtual devido às dificuldades de mobilidade pelo vírus.
O presidente americano Joe Biden participará em um encontro entre Estados Unidos e a ASEAN, assim como em outra reunião com mais líderes mundiais na quarta-feira, que incluirá o primeiro-ministro chinês Li Keqiang.
Esta é a primeira vez em quatro anos que um presidente americano participa em uma reunião da associação. Biden busca apoios contra a crescente influência da China.
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