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Estado de Minas DUBAI

Especialistas recebem com ceticismo anúncio saudita de neutralidade de carbono


24/10/2021 20:22

A promessa da Arábia Saudita de alcançar a neutralidade de carbono até 2060 gerou ceticismo em especialistas e organizações ambientalistas, que consideram que este objetivo só poderá ser alcançado se o reino eliminar progressivamente o uso de energias fósseis.

Segundo a organização ecologista Greenpeace, o fato de o príncipe-herdeiro saudita, Mohamed bin Salmán, fazer este anúncio no sábado não é um acaso, por ter ocorrido praticamente uma semana antes do início da COP26, em Glasgow (Escócia).

Embora Riade demonstre certas ambições ecológicas, continua sendo o maior produtor mundial de petróleo e não tem a intenção de diminuir suas exportações petrolíferas.

A gigante petroleira Aramco expressou este mês o desejo de aumentar sua capacidade produtiva de 12 para 13 milhões de barris até 2027.

"Duvidamos seriamente deste anúncio (no sábado), pois ao mesmo tempo o reino tem a intenção de incrementar sua produção de petróleo", explicou à AFP Ahmad al Drubi, encarregado do Greenpeace na região do Magreb e do Oriente Médio.

- Uma "manobra" antes da COP26 -

A promessa saudita "parece ser só uma manobra estratégica para diminuir a pressão política frente à COP26", a edição deste ano da conferência climática da ONU, celebrada no Reino Unido, acrescentou.

A Arábia Saudita não é o único país do Golfo que prometeu uma conversão verde nas últimas semanas.

Em 8 de outubro, os Emirados Árabes Unidos, aliados de Riade, anunciaram buscar a neutralidade de carbono até 2050, enquanto o Bahrein anunciou neste domingo que quer alcançar o mesmo objetivo até 2060.

O reino saudita não só usa petróleo e gás para atender à sua demanda de eletricidade, como também para dessalinizar água.

Com uma população de 34 milhões de habitantes, o país emite anualmente 600 milhões de toneladas de CO2, um número superior às emissões da França, que tem quase o dobro dos habitantes.

Bin Salman prometeu em várias ocasiões nos últimos anos que reduziria a dependência do ouro negro de seu país.

Mas estes planos foram dificultados pela pandemia de covid-19 e a queda do preço do petróleo, que continua representando 70% das exportações da monarquia waabita.

- "Aumentar seus esforços" -

As autoridades sauditas "deveriam aumentar seus esforços em relação à descarbonização do setor energético", disse à AFP Ben Cahill, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.

"A combustão direta do petróleo cru na produção de energia deveria ser progressivamente eliminada e as energias renováveis deveriam substituir progressivamente o gás", acrescentou.

Segundo a BBC, um importante vazamento de documentos revelou que vários países, como Arábia Saudita e Japão, pediram às Nações Unidas que minimizassem a necessidade de reduzir rapidamente o uso de energias fósseis.

Durante sua intervenção no sábado, Bin Salman disse que queria investir "em novas fontes de energia, como o hidrogênio".

Mas, segundo Al Drubi, do Greenpeace, o hidrogênio "mantém o statos quo de dependência em energias fósseis", necessárias para a produção deste tipo de energia.

"Sinto-me honrado em anunciar estas iniciativas no setor energético, que reduzirão as emissões de carbono em 278 milhões de toneladas anuais até 2030, o que praticamente dobra os nossos objetivos anunciados até agora", afirmou o príncipe-herdeiro.

Ele também prometeu plantar 450 milhões de árvores.

Mas não informou como tornaria realidade esta promessa em um país majoritariamente desértico.

Saudi Aramco

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