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Estado de Minas MONTEVIDÉU

Com quase 2 mil produtores, 'La uruguaya' revoluciona a forma de se fazer cinema


21/10/2021 14:49

"Sabia que seria divertido, mas não achava que seria tão divertido", disse o escritor argentino Hernán Casciari à AFP sobre o novo sistema de produção que idealizou para "La uruguaya", o filme financiado por quase 2 mil "sócios", que também participam em seu processo criativo, uma forma revolucionária de se fazer cinema.

Os chamados "sócios-produtores", que ao todo são 1.963, investiram entre 100 e 20 mil dólares no longa-metragem, uma adaptação do livro "La uruguaya" (2016), de Pedro Mairal.

O projeto pode render dividendos aos "acionistas", mas, sobretudo, lhes dá a oportunidade de participar nas decisões que envolvem aspectos do filme, como roteiro, seleção de elenco e comercialização do produto final, e também de atuar como figurantes.

O resultado disso é um projeto cinematográfico argentino-uruguaio que leva o "crowdfunding" a um nível jamais visto antes.

Quando Casciari leu o romance, meses antes que o mesmo se tornasse um sucesso de vendas, traduzido para vários idiomas, não hesitou em comprar os direitos para levá-lo à tela grande, mediante um sistema colaborativo que já tinha em mente por alguns anos.

Para conseguir financiamento, colocou à venda 6.000 títulos de 100 dólares sob a condição de que ninguém poderia comprar mais de 200. Em troca, todo o lucro conseguido com o longa será distribuído proporcionalmente entre os "sócios-produtores", que também participam das decisões sobre o filme.

"Em dois meses, conseguimos arrecadar os 600.000 dólares" necessários para começar a filmar, sem solicitar subsídios, patrocinadores ou pautas publicitárias, contou à AFP Joaquín Marqués, um dos coprodutores do longa.

Para tomar as decisões que envolvem o projeto, os sócios-produtores votam através de um aplicativo. Um exemplo disso foi a escolha de quem encarnaria o casal protagonista, os atores Sebastián Arzeno e Fiorella Bottaioli.

A diretora do filme, Ana García Blaya, autora de "Las buenas intenciones" (2019), disse que o projeto lhe pareceu um "experimento interessante". "Não acreditei que seria ser assim, pensei que teria mais travas" devido à quantidade de pessoas envolvidas, admitiu à AFP.

Como a transparência é parte vital do processo, a cada semana é publicado um episódio do podcast "La uruguaya", que apresenta todas as novidades sobre a produção do filme, cujo lançamento está previsto para março de 2022.

Além de "La uruguaya", Casciari já encaminhou junto com seu sócio Christian Basilis um segundo projeto audiovisual sob a mesma modalidade: uma minissérie de seis capítulos, cujo processo de financiamento mediante a venda de títulos começou há um mês e meio.

"Creio que vamos a superar o milhão de dólares", previu Casciari.


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