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Estado de Minas WASHINGTON

Ex-secretário de Estado americano Colin Powell morre de covid aos 84 anos


18/10/2021 18:32 - atualizado 18/10/2021 18:43

Colin Powell, um herói de guerra dos Estados Unidos e o primeiro secretário de Estado negro, que viu seu legado manchado quando defendeu a guerra no Iraque em 2003, morreu nesta segunda-feira (18) por complicações da covid-19.

O general aposentado de quatro estrelas tinha 84 anos e estava "completamente vacinado", disse sua família em um comunicado, destacando a perda de "um grande americano".

Powell morreu esta manhã no hospital Walter Reed, nos arredores de Washington, onde os presidentes americanos costumam ser atendidos.

A imprensa dos Estados Unidos destacou que ele sofria de mieloma múltiplo, uma forma de câncer de sangue que afeta o sistema imunológico, o que o tornava mais vulnerável à covid-19.

O presidente Joe Biden, a quem Powell apoiou eleitoralmente, descreveu o militar que se tornou estadista como alguém que "encarnava os mais altos ideais tanto de guerreiro quanto de diplomata".

"Era comprometido principalmente com a força e a segurança da nossa nação", disse Biden, que passou décadas no Senado e trabalhou frequentemente com Powell.

Popular pela sua gestão da primeira Guerra do Golfo contra o Iraque em 1991, Powell foi visto como um possível primeiro presidente americano negro. Mas acabou decidindo não se candidatar à Casa Branca e depois rompeu com seu Partido Republicano para apoiar Barack Obama.

- Carreira pioneira -

Filho de imigrantes jamaicanos, Powell teve uma carreira pioneira que o levou do combate no Vietnã a fazer história como o primeiro assessor de segurança nacional negro dos Estados Unidos, sob o governo do então presidente Ronald Reagan.

Depois foi o primeiro afro-americano e o chefe mais jovem do Estado-Maior Conjunto de George H. W. Bush.

Em 2000, se tornou chefe da diplomacia de George W. Bush, o que o deixou em quarto na linha de sucessão presidencial e o tornou o funcionário público negro de maior escalão na história do país até então.

Todos os ex-presidentes americanos vivos prestaram homenagem a ele, exceto Donald Trump, com quem entrou em confronto público. Obama chamou Powell de "patriota exemplar".

"Era muito respeitado em casa e no exterior. E, o mais importante, Colin era um homem de família e um amigo", disse Bush nesta segunda-feira.

O ex-presidente americano Jimmy Carter disse que a coragem de Powell "será uma inspiração para as próximas gerações".

Em Israel, o ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ministro das Relações Exteriores, Yair Lapid, elogiaram um "amigo" do Estado judeu.

Powell era "uma figura proeminente na liderança política e militar americana", lembrou Tony Blair, ex-primeiro-ministro do Reino Unido durante a guerra do Iraque, ressaltando a "gentileza" com que sempre tratou seus subordinados.

"O mundo perdeu um de seus maiores homens", disse o atual secretário da Defesa americano, Lloyd Austin, descrevendo-o como seu mentor.

No entanto, Powell viu sua imagem manchada depois de seu discurso em 5 de fevereiro de 2003 no Conselho de Segurança das Nações Unidas, no qual defendeu a suposta existência de armas de destruição em massa no Iraque, que depois se mostrou falsa.

Seus argumentos serviram para justificar a invasão desse país pouco depois.

"É uma mancha (...) e sempre fará parte da minha história", disse Powell em 2005. "Foi doloroso. É doloroso agora".

Os iraquianos entrevistados pela AFP em Bagdá reagiram com indiferença ou amargura à notícia de sua morte. "Sua política fracassada levou à destruição do Iraque (...) e então voltamos ao passado, infelizmente", disse Amin Ahmed, de 53 anos.

Mas conseguiu honrar sua memória no Congresso americano: o senador democrata Mark Warner o chamou de "patriota", enquanto o senador republicano Mitt Romney lamentou a perda de "um homem de coragem imperturbável".

- "Doutrina Powell" -

Powell, de origem humilde, cresceu em Nova York, onde nasceu em 5 de abril de 1937 no Harlem e onde estudou geologia. Em 1958 começou sua carreira militar, enviado primeiro à Alemanha e depois ao Vietnã duas vezes.

No Vietnã, foi responsável por investigar o massacre de My Lai, um dos episódios mais sombrios da história militar americana. O tom de seu relatório foi criticado, já que para alguns ele descartava qualquer acusação de crime.

As experiências de Powell no Vietnã o levaram a desenvolver a chamada "Doutrina Powell", que dizia que se os Estados Unidos interferissem em um conflito estrangeiro, deveriam mobilizar uma força gigantesca com base em objetivos políticos claros.

Expoentes dessa doutrina foram a guerra no Iraque e a invasão de 1989 no Panamá, que derrubou o ditador Manuel Antonio Noriega.

Depois de se retirar do exército em 1993, Powell se dedicou a trabalhar pelos jovens desfavorecidos, liderando a aliança "America's Promise".

Durante um tempo, ignorou as perguntas sobre ocupar um cargo público, até que chegou ao Departamento de Estado, onde sua gestão foi marcada pela invasão ao Iraque em 2003.

Powell admitiu que suas opiniões sociais progressistas o distanciavam de muitos republicanos, embora o partido o apresentasse como um exemplo de inclusão.

A partir de 2008, apoiou os democratas para a presidência: duas vezes Obama e depois Hillary Clinton e Biden.

THE NEW YORK TIMES COMPANY


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