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Estado de Minas RAMALLAH

Excesso de moeda israelense ameaça a economia palestina


17/10/2021 14:16

O excesso de dinheiro em divisa israelense nos negócios palestinos poderia não ser o aspecto mais comentado da ocupação, mas especialistas advertem que é uma preocupação crescente para a economia palestina.

Palestinos na Cisjordânia usam o shekel israelense, mas, mesmo com esse fator em comum, os dois sistemas financeiros são drasticamente diferentes.

Em Israel, como em muitas economias avançadas, os pagamentos por meios digitais crescem rapidamente, substituindo as transações com cédulas e moedas.

Mas na Cisjordânia, que vive sob ocupação militar israelense desde 1967, o papel moeda ainda impera.

Tasir Freij, dono de uma ferraria em Ramallah, disse à AFP que precisa pagar uma comissão de 2% para depositar dinheiro em efetivo, pois seu banco reluta em aceitá-lo.

"É uma crise [...] e estamos sentindo os seus efeitos", comentou Freij.

Grande parte do papel moeda chega à Cisjordânia através dos palestinos que trabalham em Israel e nos assentamentos judaicos em território palestino, e recebem seus salários em dinheiro.

Especialistas e comerciantes temem que o acúmulo de divisas em papel moeda possa sufocar o sistema financeiro palestino.

Freij contou que comprar bens do exterior, em geral, requer a conversão de shekels para dólares ou euros, mas a abundância de moeda israelense no mercado o obriga a aceitar uma taxa desfavorável.

- Vertedouro -

A Autoridade Monetária Palestina (AMP), que funciona como banco central na Cisjordânia, advertiu que as cédulas de shekels se acumulam porque não existe forma de devolvê-las a Israel.

O governador da AMP, Firas Melhem, disse à AFP que a acumulação de dinheiro é "um problema muito preocupante", causando dores de cabeça para bancos e estabelecimentos de negócios.

"Se o problema não for resolvido rapidamente, o mercado palestino se transformará em um vertedouro de shekels", acrescentou.

O shekel foi estabelecido como moeda oficial nos territórios palestinos como resultado dos protocolos econômicos chamados de "acordos de Paris", alcançados após os Acordos de Oslo entre Israel e os palestinos em 1994.

Contudo, muita coisa mudou desde então.

Ao utilizar cada vez mais as transações digitais, os bancos israelenses não querem reabsorver o papel moeda que se acumula na Cisjordânia, mas não circula rapidamente na economia da nação judaica.

Além disso, o Banco de Israel cita a segurança como outro motivo para não querer as cédulas.

"As transferências em dinheiro feitas sem controle poderiam ser mal utilizadas, especialmente em lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, e não estariam em conformidade com os parâmetros internacionais", disse o banco em um comunicado enviado à AFP.

- Soluções? -

Os bancos palestinos têm tentado fazer com que os clientes reduzam seus depósitos em efetivo, mas isso representa um risco, que pode limitar o capital disponível para os bancos, reduzindo sua capacidade de oferecer crédito.

O excesso de liquidez motivou alguns especialistas palestinos a recomendarem o descarte do shekel e a adoção de uma moeda palestina ou de outra nação, como o dinar da Jordânia, que também circula na Cisjordânia.

Enquanto isso, a AMP pressiona o Banco de Israel para que aceite mais dinheiro em efetivo.

Além disso, Melhem insistiu que os palestinos devem "se atualizar no desenvolvimento das tecnologias financeiras" e avançar para sistemas de pagamento sem dinheiro em papel.


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