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Estado de Minas WASHINGTON

Ministros das Finanças e suas difíceis decisões sobre promessas climáticas


15/10/2021 12:59

Nos principais discursos e comunicados importantes das reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial esta semana, em Washington, D.C, uma palavra esteve onipresente: clima.

A duas semanas da cúpula da mudança climática COP26 de Glasgow, seus responsáveis se comprometeram a tomar medidas para cumprir as metas climáticas globais de manter o aumento da temperatura abaixo de 1,5°C em relação à era industrial, e alcançar zero emissão líquida de carbono até 2050.

"Receio que seja hora de arregaçarmos as mangas e detalhar nosso plano de ação", disse o príncipe Charles, da Grã-Bretanha, em um evento do Banco Mundial na quinta-feira (14).

"Posso apenas estimular todos nós a agir contra a mudança climática e a perda de biodiversidade, para uma transição justa, pois é mais urgente do que nunca pôr mãos à obra e resolver este problema", acrescentou.

Por trás da retórica, no entanto, esconde-se a dura realidade do enorme trabalho que resta a ser feito para cumprir os objetivos traçados.

O governo americano busca organismos multilaterais de crédito para aumentar o financiamento de projetos sustentáveis, enquanto a BlackRock, a maior administradora de ativos do mundo, adverte que são necessários grandes investimentos para evitar uma catástrofe.

"Os países ricos devem colocar mais dinheiro dos contribuintes para promover a transição líquida para zero", escreveu o diretor da BlackRock, Larry Fink, em uma coluna no jornal The New York Times na quarta-feira (13).

Alcançar a meta de zero emissão líquida exigirá US$ 1 trilhão por ano em investimentos destinados aos países pobres. Segundo Fink, seriam necessários US$ 100 bilhões em subsídios por ano para isso ser viável.

"Embora o número pareça desanimador, especialmente agora que o mundo está se recuperando da pandemia da covid, a falta de investimento levará a custos mais altos no futuro", disse ele.

- Alarme crescente -

As reuniões aconteceram em meio a um crescente alarme sobre os efeitos de uma mudança climática descontrolada no planeta.

No mês passado, um perturbador relatório do Banco Mundial advertiu que a redução da produção agrícola, a escassez de água, o aumento do nível do mar e outros efeitos adversos do aquecimento global podem obrigar 216 milhões de pessoas a abandonarem suas casas e se deslocarem dentro de seus próprios países até 2050.

Um estudo do FMI estimou que os subsídios diretos e indiretos aos combustíveis fósseis somaram US$ 5,9 trilhões em 2020, ou 6,8% do Produto Interno Bruto (PIB) global do ano passado, minando a luta contra a mudança climática com combustível barato.

Embora os funcionários do FMI e do Banco Mundial insistam em que estão muito concentrados na mudança climática, nem todos estão convencidos.

Na quinta-feira (14), 77 organizações de defesa do meio ambiente assinaram uma petição para exigir a renúncia do presidente do Banco Mundial, David Malpass.

Malpass destacou o investimento do banco em questões climáticas, uma entidade que, segundo ele, concede metade de todos os empréstimos multilaterais para projetos verdes. Segundo ele, trata-se de uma grande mudança em relação aos anos anteriores, quando o organismo financiou planos polêmicos, criticados por seu impacto ambiental.

As organizações civis denunciam, no entanto, que desde o Acordo de Paris sobre o Clima, de 2015, o Banco Mundial direcionou US$ 12 bilhões para os combustíveis fósseis.

"O Banco Mundial precisa de uma liderança que apoie os países em desenvolvimento com vocação verde e inclusiva", defendeu Luisa Galvão, da Friends of the Earth US, que assinou a petição.

- Mitigar os danos -

As ações dos Estados Unidos durante as reuniões foram acompanhadas de perto, já que Washington tem o maior poder de voto em ambos os órgãos, ao mesmo tempo em que a maior economia do mundo também é um importante emissor de carbono.

E o presidente Joe Biden prometeu uma ofensiva para lidar com a mudança climática. Na sexta-feira (15), por exemplo, a Casa Branca lançou uma estratégia para mitigar os danos que as condições climáticas extremas provocam no país.

Também esta semana, a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, convocou os líderes de vários organismos de crédito - incluindo o Banco Mundial e bancos de desenvolvimento na Europa, América Latina, Ásia e África - e pressionou-os para que dediquem mais capital para projetos destinados a mitigar a mudança climática.

Da mesma forma, Biden já apresentou ao Congresso duas iniciativas para injetar polpudas quantias em infraestrutura, gastos sociais e combate às mudanças climáticas, ainda estagnadas no Legislativo.


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