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Estado de Minas PARIS

Diretor da AIE pede mais ação e menos retórica na transição energética


11/10/2021 11:12

"Quero ver planos!" exclama o diretor da Agência Internacional de Energia, Fatih Birol, sobre o grande encontro da comunidade internacional contra a mudança climática, a COP26 em Glasgow.

"Como vão transformar os transportes? O sistema elétrico?", questiona este economista, particularmente preocupado com a persistência do carvão como fonte energética e com a falta de recursos dos países emergentes.

- O que espera da COP26? O que representaria seu sucesso?

"Espero, acima de tudo, um reforço dos compromissos dos países, de acordo com nossos objetivos climáticos internacionais.

Em segundo lugar, e essa é a grande questão coberta do debate climático, o financiamento das energias limpas nos países emergentes. Nos próximos 20 anos, mais de 80% das emissões virão de países emergentes, que recebem menos de 20% dos investimentos em energias limpas.

É urgente que as economias avançadas, particularmente o G20, garantam que esse financiamento esteja nas decisões adotadas na COP26.

O terceiro ponto é político. Os dirigentes na COP devem enviar um sinal claro, sem ambiguidade, aos investidores: 'se investirem nas velhas fontes de energia, perderão dinheiro'".

- Muitos grandes países emissores se comprometeram com a neutralidade do carbono até 2050. Você enxerga esse compromisso na COP?

"A dinâmica política é excelente, mas esse impulso deve se transformar em ação concreta a nível mundial, em vez de iniciativas esporádicas.

Os governos devem criar planos voltados para a neutralidade do carbono. Estou feliz de ver que muitos impuseram metas para 2050, mas isso não é suficiente. Temos que saber como vão fazer isso, quero ver seus planos, suas bases e etapas. Isso se aplica à China, aos Estados Unidos, à Europa, a todo omundo".

- Qual seria a prioridade?

"Há muitas razões para se preocupar, mas se precisasse escolher uma, diria que é o carvão. O que fazemos com ele? Atualmente, um terço das emissões vem da utilização do carvão para a produção de eletricidade.

O problema não são apenas as usinas de carvão nos Estados Unidos ou na Europa, que se aproximam do fim de seu ciclo de vida.

O problema está na Ásia, particularmente na China e Índia. Nos dois países, que reúnem cerca de metade da população mundial, mais de 60% da eletricidade vem do carvão. A idade média das usinas é de 11 anos. Como fechá-las antes que o investimento seja amortizado? É uma questão chave".

- A crise da covid-19 mudou algo?

"Alguns diziam que após a covid-19 os humanos seriam pessoas melhores. E nós avisamos imediatamente que se as medidas certas não fossem tomadas, haveria um forte ressurgimento das emissões. E, de fato, esperamos para este ano o segundo aumento mais forte em termos históricos. Portanto, a retórica é boa, mas gostaríamos que não houvesse uma diferença tão grande da realidade.

- Um relatório da AIE de maio impressionou ao descrever as etapas para a neutralidade do carbono, especialmente com a renúncia de qualquer projeto fóssil. Foi uma forma de agitar as águas?

"Não quero alarmar ninguém. Nosso objetivo era colocar, diante de um espelho, os países comprometidos com 2050: se esse é realmente seu objetivo, isso é o que têm que fazer. Fizemos uma lista com 400 etapas. Por exemplo, até 2040 o sistema elétrico deverá ser completamente descarbonizado. E até 2030, 60% dos carros vendidos deveriam ser elétricos - apenas 5% são hoje. Queríamos mostrar ao mundo que a tarefa é gigante, mas ainda é alcançável.

Mesmo se nossos esforços não forem suficientes para permanecer sob +1,5ºC, 1,6 ou 1,7°C, sempre será melhor que esse máximo de 3°C."


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