Kurz, que aos 35 anos é um dos líderes mais jovens da Europa, anunciou no sábado à noite que deixaria o cargo de chanceler, após a abertura de uma investigação contra ele.
Justificando que "cederia o cargo para evitar o caos", o líder conservador, outrora apelidado de "prodígio" e que liderou dois Executivos diferentes nos últimos quatro anos, propôs seu ministro das Relações Exteriores para substituí-lo.
Schallenberg, de 52 anos, encontrou-se hoje com o presidente austríaco Alexander Van der Bellen, depois de falar com o vice-chanceler Werner Kogler, dos Verdes.
Em comentários feitos antes do encontro com o presidente, o ministro destacou que "a tarefa e o futuro" que temos pela frente representam um "grande desafio" que "não é fácil para nenhum de nós".
"Mas acho que estamos mostrando um grau incrível de responsabilidade neste país", disse ele a repórteres.
Kogler, que estava em reunião com Van der Bellen, declarou a repórteres que teve um "bom" encontro com Schallenberg, que lhe passou "confiança".
"Acima de tudo, estou satisfeito com a possibilidade de abrir um novo capítulo no trabalho do governo de coalizão", disse o líder dos Verdes de 59 anos.
Na noite de sábado, Kogler indicou que seu partido apoiaria Schallenberg para manter a coalizão governamental formada por conservadores e ambientalistas.
Kurz é suspeito de ter usado fundos do governo para garantir um tratamento favorável da mídia.
De acordo com o Ministério Público, entre 2016 e 2018 foram publicados artigos elogiosos e pesquisas favoráveis a Kurz em troca da compra de um espaço publicitário pelo ministério da Fazenda, então nas mãos dos conservadores.
Na quarta-feira, o MP anunciou que Kurz e outros nove suspeitos, bem como três organizações, são investigados por vários crimes relacionados ao caso, após uma série de operações de busca e apreensão, em particular na sede do ÖVP.
Kurz negou qualquer irregularidade e reiterou no sábado que as acusações contra ele eram "falsas", que tentaria esclarecer o assunto e que continuará liderando seu partido.
Para o analista Thomas Hofer, por enquanto Kurz continuará a ser "a pessoa mais influente" em seu partido "em nível nacional".
"Do ponto de vista de Kurz, Schallenberg é um substituto reserva (...) Kurz agiu dessa forma para continuar no comando do partido e controlar o time governante", comentou Hofer à AFP.
A líder dos social-democratas, Pamela Rendi-Wagner, na oposição, destacou que Kurz atuará como um "chanceler nas sombras".
audima