"Não queremos confronto, não queremos confrontos entre cubanos", disse o dramaturgo Yunior García, líder do movimento Arquipélago e organizador do protesto.
Em coletiva de imprensa por Telegram na qual García teve que se conectar várias vezes porque, segundo relatou, teve a internet cortada de seu celular, convocou a marcha com toda "a moral de ser patriotas (e) de não receber um único centavo, embora nos chamem de mercenários".
"Decidimos antecipar o protesto para o dia 15" de novembro e a notificação correspondente "já foi entregue na Assembleia Nacional (Parlamento)", declarou Reiner Díaz, outro integrante do Arquipélago.
Na quinta à noite, o Ministério das Forças Armadas Revolucionárias anunciou em nota a decisão de realizar exercícios militares em 18 e 19 de novembro e, "considerando a melhora da situação epidemiológica", celebrar o "Dia Nacional da Defesa" no dia 20, coincidindo com a data anterior do protesto.
García criticou a resposta "militar" do governo à convocação do protesto cívico "contra a violência" e afavor da "mudança".
"Nós fizemos uma convocação pacífica e eles deram uma resposta militar", ressaltou.
O governo cubano costuma qualificar os opositores de "mercernários" dos Estados Unidos.
Com dois meses de antecedência, em 20 de setembro, o grupo virtual opositor Arquipélago, liderado por García, apresentou uma petição ao governo cubano para realizar uma "marcha pacífica", de aproximadamente 5.000 pessoas, "contra a violência".
García pediu aos manifestantes que usem roupas e bandeiras de cor branca, o que "não é sinal de derrota", mas "de paz".
Em sete províncias foram feitas convocações similares a protestar, mas em nenhum caso receberam resposta, segundo os organizadores em sua conta no Twitter, onde promovem a mobilização com a hashtag #20NCuba.
O grupo Arquipélago invocou o artigo 56 da nova Constituição, aprovada em 2019, que reconhece o direito à reunião, manifestação e associação com fins lícitos e pacíficos.
O antecedente da marcha está nos inéditos protestos de 11 e 12 de julho deste ano, em dezenas de cidades cubanas, que deixaram um morto, dezenas de feridos e centenas de detidos.
De acordo com o website das Forças Armadas Revolucionárias (FAR), "os Dias da Defesa servem para a preparação das tropas, dos órgãos e organizações estatais, das entidades econômicas e instituições sociais, e das organizações políticas e de massas". Também se pratica o "trabalho político-ideológico".
Tradicionalmente, os feriados militares são celebrados dois dias por ano, um deles em 2 de dezembro, o Dia das Forças Armadas.
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