(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas PARIS

Nobel de Física premia estudo de variáveis climáticas que permite prevê-las melhor


05/10/2021 15:22

O Prêmio Nobel de Física recompensou os trabalhos de três cientistas que buscam prever a evolução a longo prazo de um sistema complexo, como o clima, graças à modelagem de variáveis que criam desequilíbrios, como as condições meteorológicas ou a ação humana.

Os trabalhos do americano-japonês Syukuro Manabe e do alemão Klaus Hasselmann na modelagem do aquecimento do planeta receberam a metade do prêmio. A outra corresponde ao italiano Giorgio Parisi pelas suas pesquisas sobre os desequilíbrios subjacentes neste tema.

A partir do estudo de flutuações erráticas, os três físicos conseguiram encontrar comportamentos simples que lhes permitem fazer previsões confiáveis.

"Encontrar um fenômeno às vezes requer a análise de todos os mecanismos físicos complexos individuais e uni-los para fazer uma previsão", comentou John Wettlaufer, membro do comitê do Nobel de Física, ao anunciar o prêmio em Estocolmo.

O clima "é o sistema complexo por excelência", explica à AFP o físico Freddy Bouchet, pesquisador do instituto francês CNRS. Em primeiro lugar, porque há um grande número de elementos em interação (atmosfera, oceanos, solos, vegetação...) e porque as dinâmicas meteorológicas são caóticas, muito difíceis de prever até poucas semanas antes.

No entanto, junto a este caos observado no dia a dia, é possível traçar tendências claras e sistemáticas, que podem ser atribuídas a causas identificáveis: por exemplo, o aquecimento global a longo prazo, causado pela atividade humana.

"Na ciência do clima, o aleatório e o sistemático se sobrepõem. As ferramentas matemáticas desenvolvidas por Klaus Hasselmann permitiram separar os dois, para ter uma compreensão melhor da evolução do clima", detalha Bouchet.

Para este cientista, esta dissociação é essencial para entender eventos climáticos extremos, como as ondas de calor, tempestades, furacões...

Os modelos digitais desenvolvidos por Syukuro Manabe permitiram integrar subsistemas climáticos. "São os primeiros modelos que permitiram calcular o efeito do aumento do dióxido de carbono de origem antrópica (humana) no aquecimento global. Algo central no modelo climático contemporâneo" usado, por exemplo, pelos especialistas do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Mudança Climática (IPCC), celebra Bouchet.

Neste campo, Giorgio Parisi estudou comportamentos de mesma complexidade.

"Tudo o que vemos ao nosso redor é complexo, incluindo nós mesmos. Comecei a desenvolver as bases desta ciência, que sequer existia no início dos anos 80, estudando a natureza por meio da matemática", contou este cientista italiano ao jornal Corriere della Sera, em fevereiro.

Os bilhões de átomos que formam os materiais podem provocar dinâmicas caóticas, que não podemos ver em nossa escala.

Como entender que os átomos de vidro estão tão desordenados como os de um líquido, por exemplo, quando em grande escala o vidro se ordena como um sólido, de uma forma mais simples?

Parisi conseguiu mostrar esses comportamentos usando estatísticas que hoje são usadas na biologia, na neurociência e na inteligência artificial.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)