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Estado de Minas GENEBRA

Comissão de inquérito responsabiliza a OMS pelos abusos na RDC


28/09/2021 14:12 - atualizado 28/09/2021 14:13

Uma comissão independente que investiga a violência e os abusos sexuais cometidos por funcionários da OMS na República Democrática do Congo responsabilizou a organização nesta terça-feira (28), denunciando "falhas estruturais" e "negligência individual".

Os abusos foram cometidos por funcionários, recrutados localmente e membros internacionais de equipes de luta contra o surto de Ebola na RDC entre 2018 e 2020, dizem os investigadores, que entrevistaram dezenas de mulheres que receberam ofertas de trabalho em troca de sexo ou que foram estupradas.

Em suas observações iniciais, a comissão de inquérito - lançada em outubro de 2020 pelo diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus - mostra um quadro desolador.

Ele observa "a magnitude dos incidentes de exploração e abuso sexual na resposta ao 10º surto de Ebola, todos os quais contribuíram para aumentar a vulnerabilidade das vítimas, que não receberam a ajuda necessária e a assistência que exigiam essas experiências degradantes".

- "Sinto muito" -

"A primeira coisa que quero dizer às vítimas e sobreviventes é que sinto muito. Eu sinto muito, sinto muito pelo que foi imposto a vocês por pessoas que foram contratadas pela OMS para servir e proteger", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante uma entrevista coletiva sobre as conclusões da comissão. Além disso, prometeu "graves consequências" para os culpados.

"É um dia sombrio para a OMS", reconheceu o diretor-geral, que aspira a um segundo mandato à frente da organização, candidatura para a qual recebeu o apoio da maioria dos países da União Europeia na semana passada, mas também do Quênia.

Quando questionado por um jornalista se pretendia renunciar, disse: "Já lá estive 14 vezes e esta questão não foi levantada. Talvez devesse ter feito perguntas", admitiu.

A comissão identificou 83 supostos perpetradores, 21 dos quais eram funcionários da OMS. A organização rescindiu os contratos de quatro deles, que ainda eram funcionários, assim que o relatório foi publicado, e os demais tinham contratos de curto prazo, disse Tedros. Todos eles serão proibidos de trabalhar no futuro.

Dois altos funcionários foram colocados em licença administrativa "e estamos tomando medidas para garantir que outras pessoas que possam estar envolvidas sejam temporariamente dispensadas de qualquer papel de tomada de decisão", acrescentou.

O dieretor-geral explicou ainda que um órgão externo ficará encarregado de identificar as falhas individuais de sua organização.

- Investigação da imprensa -

O caso veio à tona graças ao trabalho investigativo do The New Humanitarian e da Reuters Foundation.

A comissão constatou também, após a realização de dezenas de entrevistas, "a percepção de impunidade dos funcionários da instituição por parte das supostas vítimas", assim como o fato de que diante das dezenas de vítimas que se manifestaram, houve "uma ausência total de notificação de casos" a nível institucional.

"Entrevistas com funcionários-chave da agência conduzidas pela equipe de revisão demonstram claramente que a organização, focada principalmente na erradicação da epidemia de Ebola, estava completamente despreparada para lidar com os de exploração e abuso sexual", diz o relatório.

No final de maio, cerca de 50 países membros da OMS haviam expressado publicamente sua frustração com a lentidão das investigações e a falta de transparência.


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