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Estado de Minas LIMA

Premier peruano ameaça nacionalizar jazida de gás


26/09/2021 20:39 - atualizado 26/09/2021 20:43

O chefe de gabinete do Peru, Guido Bellido, ameaçou neste domingo (26) nacionalizar a jazida de gás natural de Camisea, na região de Cusco, se a empresa encarregada da exploração e comercialização do recurso se negar a renegociar com o Estado a partilha das utilidades.

"Convocamos a empresa exploradora e comercializadora do gás de Camisea a renegociar a partilha de utilidades a favor do Estado. Caso contrário, optaremos pela recuperação ou a nacionalização da nossa jazida", afirmou Bellido em sua conta no Twitter.

"Precisamos ter no país gás acessível aos que têm menos. Hoje, temos acesso a custos internacionais", acrescentou Bellido à imprensa, durante uma reunião com organizações sindicais em Arequipa.

O presidente Pedro Castillo e o ministro da Economia, Pedro Francke, tinham dito durante recente viagem internacional que o governo peruano não tem planos de expropriação.

"Não somos comunistas, nós não viemos expropriar ninguém, nós não viemos afugentar os investimentos. Ao contrário, convidamos os grandes investidores, os empresários para que vão ao Peru, para que cheguem ao Peru", disse Castillo no Conselho Permanente da Organização de Estados Americanos (OEA), em Washington.

Em 13 de setembro, o presidente expressou sua intenção de "recuperar" a jazida de Camisea, uma de suas principais promessas de campanha.

"Vamos a comprar o pleito para recuperar o gás de Camisea para todos os peruanos", disse na inauguração de uma universidade na região de Cajamarca.

O ministro da Saúde, Hernando Cevallos, apoiou a iniciativa do premier para renegociar os contratos com a empresa concessionária.

"Não é possível que a poucos quilômetros desta jazida de gás, as pessoas não tenham gás. Isso tem que ser resolvido de forma rápida", disse Cevallos à imprensa.

O ministro de Minas e Energia, Ivan Merino, assegurou que fomentará o diálogo com a empresa em seu ministério. "Estamos comprometidos em trabalhar com todos os atores para obter consensos em função do bem-estar concreto da cidadania", tuitou Merino.

- "Afugenta o investimento" -

Setores da oposição criticaram duramente o anúncio do chefe de gabinete.

A ex-ministra da Economia Maria Antonieta Alva qualificou de irresponsáveis as declarações de Bellido.

"Afetam a percepção dos investidores sobre o Peru. Afugentam o investimento, quando o que mais precisamos é a reativação e a geração de empregos", comentou no Twitter a ex-integrante do governo do ex-presidente Martín Vizcarra (2018-2020).

"Geram litígios em tribunais internacionais e perdê-los custa bilhões ao Peru", acrescentou.

Patricia Chirinos, congressista do Partido Avança País e terceira vice-presidente do Congresso, apresentou neste domingo uma moção para convocar Bellido no Parlamento para que explique sua mensagem.

"Este tipo de expressões só podem dar em um país onde não há democracia e onde imperam as ações ditatoriais, como é o caso de Cuba e Venezuela", diz o texto de Chirinos, que no fim de agosto acusou o premier de tê-la agredido com uma frase machista.

Mais de 1,2 milhão de lares recebem atualmente gás natural, segundo o governo, um sexto dos lares do país.

Além disso, o Peru exporta gás natural liquefeito a México, China, Japão, Coreia do Sul e alguns países europeus.

Sua exploração está nas mãos de um consórcio multinacional com capitais americanos, sul-coreanos, argelinos e espanhóis, que controla a jazida de Camisea, no sudeste do Peru, uma das maiores reservas da América do Sul.

O Consórcio Camisea entregou nos últimos 15 anos (2004 a 2019) mais de 8 bilhões de dólares em regalias, montante que representa cerca de 0,5% do Produto Interno Bruto do país andino.


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