A morte, anunciada na tarde de sábado por meio de uma breve mensagem "RIP Papa" ("Descanse em paz, pai") postada no Facebook pelo filho de Bagosora, foi confirmada à AFP neste domingo (26) pelo Mecanismo para os Tribunais Criminais Internacionais (MTPI), que substituiu o Tribunal Penal Internacional para Ruanda (TPIR) desde 2015.
"Confirmo que Théoneste Bagosora morreu ontem (sábado) em um hospital do Mali no final da manhã", disse à AFP o secretário judicial do MTPI, Abubacarr Tambadou.
Ele cumpria pena em uma penitenciária localizada a cerca de 50 km de Bamako.
Fontes do Mali disseram à AFP que ele estava doente e tinha sido transferido para "uma clínica" na capital do país.
"Ele estava na clínica há algum tempo, mas era vigiado por agentes de segurança", declarou à AFP uma fonte da administração penitenciária do Mali.
Por sua vez, um encarregado da clínica onde ele estava internado também confirmou sua morte, e assinalou que a mesma foi causada por "insuficiência cardíaca".
Theoneste Bagosora, chefe de gabinete no Ministério da Defesa de Ruanda em 1994, foi condenado à prisão perpétua em 2008 pelo Tribunal Penal Internacional para Ruanda (TPIR) por genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra. Após um recurso apresentado em 2011, sua sentença foi reduzida para 35 anos de prisão.
Durante o seu processo, a acusação o apresentou como o "cérebro" do genocídio que causou a morte de 800 mil pessoas, sobretudo da minoria tutsi.
Em 2019, os meios de comunicação franceses Mediapart e Radio France revelaram que um "documento do serviço de Inteligência francês" de setembro de 1994 afirmava que "dois extremistas do regime" hutu que governava a Ruanda naquela época foram "os principais autores intelectuais do atentado de 6 de abril de 1994" contra o avião do presidente Juvenal Habyarimana, que desencadeou o massacre contra os tutsi e hutus moderados. Um desses dois "extremistas" era Bagosora.
Em 2011, os juízes de apelação do TPIR anularam várias conclusões da câmara de primeira instância que condenou o ex-coronel. Contudo, mantiveram a conclusão central do julgamento, que afirmava que Bagosora era a autoridade militar máxima em Ruanda entre 6 e 9 de abril de 1994, nos primeiros dias do genocídio.
BAMAKO