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Estado de Minas NOVA YORK

Fundo de População da ONU alerta para fome 'iminente' no Afeganistão


24/09/2021 16:04

"A situação no Afeganistão é grave", alertou a diretora do Fundo de População das Nações Unidas (FPNU), Natalia Kanem, em entrevista à AFP, na qual advertiu para o risco "iminente" de fome com a chegada do inverno e a interrupção dos serviços sob o regime talibã, que voltou ao poder após duas décadas de presença americana.

"Ao menos um terço da população está ameaçada de fome iminente no país", advertiu Kanem, preocupada com a violência, "que agora sofrem mulheres e meninas" e muito em particular as deslocadas.

O FPNU é a agência encarregada da saúde sexual e reprodutiva e da violência de gênero do sistema das Nações Unidas.

O rigor do inverno e a interrupção dos transportes, particularmente em áreas isoladas deste país montanhoso, somado à pandemia do coronavírus, só farão agravar uma situação que já é por si complicada.

"Há muita preocupação sobre como vamos proporcionar cuidados médicos ou de onde virá a próxima comida", advertiu esta médica panamenha na sede do FPNU em Nova York.

Neste contexto, as mulheres voltam a levar a pior. "Não podemos deixar de destacar o bastante que, inclusive neste período de transição, mulheres e meninas têm direitos humanos que devem ser respeitados", advertiu.

O Afeganistão, lembrou, é um dos países com maior índice de mortalidade no parto e na gravidez.

E reiterou a mensagem da comunidade internacional às novas autoridades afegãs, que tomaram o poder no mês passado, antes que os Estados Unidos concluíssem a retirada de suas tropas, pondo fim a 20 anos de conflito.

"As mulheres do Afeganistão deixaram claro durante anos que querem sua educação, seus cuidados médicos e que estão também prontas, desejando e capazes de desenhar programas para poder liderar suas comunidades", lembrou.

Apesar das promessas do novo regime talibã, que se apresenta como mais moderado do que em sua passagem anterior pelo poder (1996-2001), os sinais até agora são muito animadores para a população feminina do país.

- Único sustento da família -

Por um lado, parecem menos radicais, incomodam menos as mulheres nas ruas e as autorizam a estudar sempre de acordo com a "sharia". Mas, por outro lado, eliminaram o Ministério de Assuntos das Mulheres e as substituem por homens em algumas administrações, além de restabelecer a separação por gênero na universidade.

Kanem lembra que em um Afeganistão devastado por décadas de conflitos, muitas mulheres, particularmente nas regiões mais castigadas pela violência, são o único sustento das famílias.

Por isso, "desejamos que haja a possibilidade de entregar bens às pessoas das comunidades pequenas" e "proteger o status dos trabalhadores sanitários humanitários, inclusive as mulheres".

"Temos dito que queremos poder manter o sistema de saúde funcionando, o que é bastante difícil neste momento, com o aeroporto fechado e alguns profissionais que deixaram o país", alertou.

- "Desastre total" -

É que "se o sistema de saúde quebrar, vai provocar um desastre total", advertiu.

No entanto, "estamos contentes de que na maior parte dos casos, (...) nossos centros de atenção médica familiar (...), onde as mulheres grávidas podem receber acompanhamento, onde podem ir e conseguir suas vitaminas, remédios e coisas assim, tenham podido continuar abertos até agora".

A ONU desbloqueou nesta quarta 45 milhões de dólares em ajuda de emergência para apoiar o sistema sanitário afegão.

O regime talibã, que não foi reconhecido por praticamente nenhum país, solicitou no começo da semana participar dos trabalhos na Assembleia Geral da ONU, que se reúne até a segunda-feira em Nova York, embora seja pouco provável que a comissão organizadora, que se encarrega de conceder as credenciais, permita que o emissário dos talibãs tome a palavra na prestigiosa tribuna, segundo várias fontes coincidentes.


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