Ao longo desta semana, estão previstos dois fóruns específicos para analisar os desafios do meio ambiente (nesta segunda, 20) e a preparação para possíveis futuras pandemias (na quarta-feira, 22).
Em uma América Latina duramente atingida pela pandemia, o grito lançado sábado (19), no México, pelos países da região na Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), não deixa margem para dúvida.
"Tem país que ainda não tem vacina. É injusto, abusivo (...). Que nunca mais algo assim volte a acontecer na América Latina e Caribe!", frisou o chanceler mexicano, Marcelo Ebrand, em seu balanço da reunião.
A região da América Latina e Caribe é a mais afetada, em seu conjunto, pela pandemia do coronavírus, com 34% dos casos e 28% das mortes em nível global, quando representa 8,4% da população mundial.
Na Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), presidentes, ministros do setor e outras autoridades da região debaterão entre hoje e sexta-feira (24) os desafios impostos pela covid-19 às Américas.
Órfã de lideranças regionais, segundo a cientista política peruana radicada no Chile Lucía Dammert, "é difícil saber como o cenário regional será revitalizado", para se enfrentar os desafios.
A fase pós-covid-19 pode representar essa "oportunidade" para os temas regionais, "mas, principalmente, vai gerar uma oportunidade nas relações mais globais, especialmente com os países produtores de vacinas, como a China", afirmou.
Nem Brasil, nem México, as duas maiores potências regionais, nem Argentina, assumiram qualquer liderança regional, tão "necessária", lamentou Lúcia.
- Sem lideranças regionais -
O presidente Jair Bolsonaro, que chegou a Nova York no domingo (19), será o primeiro a falar no fórum multilateral na terça-feira (21).
Como ele mesmo antecipou, recentemente, pretende levar para a Assembleia Geral a defesa do marco temporal para a demarcação das terras indígenas, atualmente em estudo no Supremo Tribunal Federal e muito criticado por ambientalistas e por lideranças indígenas.
Durante sua estada em Nova York, o presidente brasileiro vai-se reunir com primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e com seu homólogo polonês, Andrezj Duda.
Depois do discurso, continuará presente para ouvir o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que sobe à tribuna logo depois. Nenhum encontro entre os dois está previsto.
Também estão na agenda de terça-feira o colombiano Iván Duque e o peruano Pedro Castillo, que encerra em Nova York sua primeira viagem internacional como presidente. Passou pelo México e por Washington, D.C..
O presidente peruano se reunirá com o secretário-geral da ONU, António Guterres; com a autoridade máxima do Banco Mundial (WB), David Malpass; e com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Gueorguieva.
Segundo a ONU, também comparecerão os presidentes da Costa Rica, Carlos Alvarado; e da Argentina, Alberto Fernández. No caso deste último, sua presença segue no ar, devido à profunda crise política em seu país.
Também foram anunciadas as presenças do cubano Miguel Díaz-Canel e do venezuelano Nicolás Maduro.
Maduro surpreendeu ao participar da Celac, na capital mexicana, após um ano sem sair da Venezuela. Em março do ano passado, o governo americano ofereceu uma recompensa de US$ 15 milhões pela captura do líder venezuelano, acusado de terrorismo e de tráfico de drogas, o que abre dúvidas sobre sua viagem a Nova York.
O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, cancelou sua presença e enviará uma mensagem gravada. O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, será representado por seu chanceler, Marcelo Ebrand. O nicaraguense Daniel Ortega também não irá.
- Atos, e não palavras -
Os líderes "devem traduzir as palavras em ação para os mais vulneráveis", tuitou o secretário-geral da ONU.
"Devem demonstrar que o multilateralismo é a única via para um futuro melhor para todos", acrescentou.
A migração também será outro tema dos bastidores nesta edição da Assembleia.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, vai-se reunir na próxima quinta-feira (23) com os chanceleres dos países da América Central e do México para discutir os desafios da migração.
E, amanhã (21), tem encontro marcado com o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Carlos Alberto França.
NOVA YORK