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Estado de Minas ADIS ABEBA

Rebeldes de Tigré tomam Lalibela, patrimônio mundial da Unesco


05/08/2021 18:14 - atualizado 05/08/2021 18:19

Rebeldes da região etíope de Tigré, mergulhada em um conflito armado, tomaram Lalibela nesta quinta-feira (5), um povoado incluído na lista de patrimônio mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na região vizinha de Amhara.

"Chegaram à tarde, e não houve combates. Não havia forças de segurança nos arredores. As forças da TLPF agora estão na cidade", disse um morador à AFP, referindo-se à Frente de Libertação do Povo de Tigré, o partido dos rebeldes.

A região do Tigré tem sido palco de combates desde novembro passado, quando o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou tropas do exército para expulsar os governantes da TPLF, a formação regional que Tigré controlava e estava no centro da vida política nacional até 2018.

Abiy, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2019, afirmou que lançou a ofensiva em resposta aos ataques da TPLF a bases militares.

O premiê prometeu uma vitória rápida, mas a guerra se arrastou e, em junho, os combatentes da TPLF retomaram a capital de Tigré, Mekele, de onde os soldados se retiraram.

Desde então, as forças da TPLF avançam para o leste, em direção à região vizinha de Afar, e para o sul, em direção a Amhara, onde está localizada Lalibela.

Soldados e milicianos foram mobilizados em várias partes de Amhara para impedir o avanço dos rebeldes, mas vários moradores de Lalibela explicaram à AFP na quinta-feira que a cidade caiu sem complicações.

"A TPLF chegou à tarde. Eles estavam dançando e brincando na praça da cidade", disse um morador.

"A maioria das pessoas está se mudando da cidade para áreas remotas", disse outro morador, que afirmou estar escondido em casa com sua família.

O avanço da TPLF em direção às regiões vizinhas foi amplamente criticado e tanto a ONU, quanto os Estados Unidos, reiteraram esta semana seu apelo pelo fim das hostilidades.

Nesta quinta-feira, Washington insistiu ao pedir aos rebeldes do Tigré que retirem suas forças das regiões vizinhas além de discussões "para negociar um cessar-fogo [...] imediatamente e sem pré-condições".

Além disso, o porta-voz da diplomacia americana, Ned Price, lembrou que a Unesco estimou, ao classificar o local como patrimônio mundial, que "toda Lalibela" é "um testemunho da civilização etíope". "Lalibela faz parte do patrimônio cultural muito rico, diversificado e único da Etiópia", destacou.

- Organização "terrorista" -

"Espero que, nestas circunstâncias, a comunidade internacional comece a despertar e a ver esta organização como ela é: uma organização terrorista que assumiu o bem-estar da população do Tigré para servir aos seus objetivos ferozes", afirmou em entrevista coletiva Billene Seyoum, porta-voz do primeiro-ministro etíope. Segundo ela, mais de 300.000 pessoas tiveram que deixar suas casas devido aos recentes combates em Amhara e Afar.

O governo acusou repetidamente os líderes ocidentais de ignorarem os crimes cometidos pela TPLF.

Por enquanto, as autoridades não confirmaram que Lalibela está nas mãos dos rebeldes.

Segundo o porta-voz regional de Amhara, Gizachew Muluneh, os combatentes da TPLF "invadiram os territórios de Amhara em três frentes".

A cidade de Kobo, a cerca de 100 quilômetros de Lalibela, também é controlada pela TPLF, disse o combatente local, Eskindir Molla, à AFP.

A TPLF afirma que não pretende estender o seu controle territorial para além do Tigré, embora pretenda "libertar" o sul e o oeste do Tigré.

Muitos países e a ONU instaram a TPLF a respeitar um cessar-fogo para que a ajuda humanitária possa chegar à região, já que 400.000 pessoas do Tigré estão morrendo de fome.


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