O ultraconservador ex-chefe da Autoridade Judicial iniciou oficialmente seu mandato de quatro anos na terça-feira, após ser empossado pelo guia supremo, o aiatolá Ali Khamenei.
Raisi, eleito nas eleições de junho, prestará juramento perante o Parlamento às 17h00 do horário local (09h30 de Brasília) e, de acordo com a imprensa iraniana, apresentará sua proposta de governo.
O novo governante substituiu o moderado Hasan Rohani, cuja principal conquista em seus dois mandatos foi o acordo nuclear de 2015 entre o Irã e seis potências ocidentais.
Mas o país enfrenta uma profunda crise econômica e social desde que o ex-presidente Donald Trump retirou unilateralmente os Estados Unidos do acordo em 2018 e voltou a impor sanções.
"Acreditamos que a posição econômica do povo não é favorável, tanto por causa da hostilidade de nossos inimigos quanto por causa das fraquezas e problemas dentro do país", admitiu Raisi na terça-feira.
O Irã realizou seis rodadas de negociações com potências mundiais entre abril e junho em Viena, buscando reviver o acordo nuclear, mas a última rodada de diálogo terminou em 20 de junho sem uma data programada para a próxima reunião.
O novo governo buscará suspender as sanções "opressivas", mas "não vinculará as condições de vida da nação à vontade dos estrangeiros", acrescentou Raisi.
O novo presidente de 60 anos enfrenta alertas dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Israel sobre um ataque mortal na semana passada a um petroleiro, pelo qual Teerã nega responsabilidade.
O Irã também vem sendo assolado por um surto mortal de covid-19, com mais de quatro milhões de casos e mais de 92.000 mortes.
- Convidados estrangeiros -
De acordo com a imprensa iraniana, altos funcionários de países estrangeiros como Iraque, Níger, Síria, Tajiquistão, Tanzânia e Uzbequistão foram convidados para a cerimônia de juramento.
Está prevista também a presença do negociador nuclear europeu Enrique Mora, que se reuniu nesta quarta-feira em Teerã com o ministro das Relações Exteriores, Javad Zarif, segundo a imprensa local.
O governo Raisi terá que consolidar o poder nas mãos dos conservadores, que venceram as eleições legislativas de 2020, marcadas pela desqualificação de milhares de candidatos reformistas e moderados.
O novo presidente iniciou os trabalhos nesta quarta-feira, presidindo reunião da força-tarefa sobre o coronavírus e se reunindo com ministros do governo cessante, segundo o site da presidência.
- Diversos desafios -
Raisi enfrenta desafios em várias frentes, notaram vários meios de comunicação iranianos após sua posse.
As sanções americanas sufocam o Irã e suas exportações de petróleo, enquanto a economia contraiu mais de 6% em 2018 e 2019.
O presidente terá que "enfrentar vários desafios devido à miríade de problemas", disse o editorial do jornal ultraconservador Kayhan na quarta-feira, citando "inflação sem precedentes", altos custos de habitação, recessão e corrupção.
Outro diário ultraconservador, Javan, citou a necessidade de resolver no curto prazo a falta de água, luz, produtos básicos e vacinas no país.
Teerã e outras grandes cidades começaram a sofrer apagões em julho, que as autoridades atribuem ao impacto da seca nas usinas hidrelétricas e ao aumento da demanda por energia.
Enquanto isso, os manifestantes saíram às ruas da província de Khuzistão, no sudoeste do país, para protestar contra a falta de água.
O jornal reformista Sharq instou o novo governo a "promover a liberdade de imprensa" e mostrar grande tolerância para permitir o surgimento de "discursos e vozes diferentes".
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TEERÃ
Novo presidente iraniano Raisi prestará juramento diante do Parlamento
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