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Estado de Minas BEIRUTE

Com dor e indignação, Líbano completa um ano da explosão devastadora


04/08/2021 17:45 - atualizado 04/08/2021 17:55

O Líbano recorda nesta quarta-feira (4) um ano desde a gigantesca explosão que devastou a capital, com uma mistura de tristeza pela perda de vidas e de indignação pela impunidade em torno de seu pior desastre em tempos de paz.

Milhares se reuniram no centro de Beirute e o dia de luto e memória foi marcado pela violência. Confrontos entre a polícia e os manifestantes deixaram dezenas de feridos na área do Parlamento, segundo a Cruz Vermelha libanesa.

Na tarde de 4 de agosto de 2020, uma carga de fertilizante de nitrato de amônio armazenado inadequadamente explodiu no porto de Beirute, transformando grande parte da cidade em uma zona de guerra.

Pelo menos 214 pessoas morreram na tragédia, uma das maiores explosões não nucleares da história, que destruiu bairros inteiros da capital libanesa.

Trabalhadores portuários foram soterrados por silos de grãos destruídos, enquanto bombeiros que lutavam contra um incêndio ocorrido antes da explosão morreram queimados.

Transeuntes morreram esmagados, e pessoas atingidas por estilhaços e cacos de vidro dispersados pelo impacto da deflagração sangraram até a morte em suas casas.

Na tarde desta quarta-feira, pessoas procedentes de vários lugares da capital foram para o setor do porto homenagear as vítimas e exigir justiça.

As autoridades decretaram um dia oficial de luto, mas nenhum responsável participou da cerimônia, organizada principalmente por familiares das vítimas, grupos ativistas, organizações da sociedade civil e partidos da oposição.

No bairro Karantina, próximo ao porto, os parentes de dez bombeiros que morreram na explosão se reuniram em uma unidade da corporação. Mulheres vestidas de preto carregavam fotos de seus familiares falecidos, enquanto outras carregavam flores brancas.

Nas ruas próximas, bandeiras libanesas e faixas foram penduradas em vários edifícios visivelmente danificados pela explosão. "Reféns de um Estado assassino", dizia uma deles.

- Conflitos com a polícia -

"Estou participando hoje por todos aqueles que foram afetados,feridos ou mortos", disse Sandra Abrass, de 43 anos, à AFP perto do porto.

"Onde está a humanidade de um governo que estava ciente desde 2013 de que havia nitrato de amônio armazenado no porto?", questionou diante dos manifestantes Paul Najjar, que perdeu sua pequena Alexandra na explosão.

Na passeata, ecoavam as palavras de ordem do movimento de protesto de outubro de 2019: "Revolução, revolução!" e "Abaixo o regime dos bandidos!".

Às 18h07, hora exata da tragédia, os nomes das vítimas foram lidos um a um. Em seguida, foi celebrada uma missa em sua homenagem, após um minuto de silêncio.

Em seguida, os manifestantes se dirigiram ao Parlamento, para reivindicar a retirada da imunidade dos deputados suspeitos de envolvimento na explosão, para que possam ser processados.

Houve confrontos entre os policiais de choque e a congregação, que deixaram dezenas de feridos, sendo que pelo menos seis deles tiveram que ser hospitalizados, segundo a Cruz Vermelha.

Um ano depois, ninguém foi responsabilizado. Uma investigação local foi aberta, mas ainda não levou a nenhuma grande prisão nem apontou qualquer possível culpado.

A Anistia Internacional acusou as autoridades libanesas de fazerem uma obstrução "vergonhosa" da Justiça, quanto a ONG Human Rights Watch se referiu a uma "negligência criminosa" por parte do governo.

- Ajuda internacional -

O caos no Líbano começou antes da explosão, com um país falido que bloqueou as poupanças das pessoas nos bancos enquanto a moeda local afundava no mercado negro.

O país sofre com a escassez de medicamentos, combustível e água potável, dificuldades que agravam o trauma nacional causado pela explosão e atingem o setor de saúde, abalado por uma nova onda de infecções pela covid-19.

Em paralelo, os legisladores libaneses não conseguiram chegar a um acordo sobre a formação de um governo, o que causou uma situação de vazio de poder.

Apesar da falta de acordo a respeito do governo, a comunidade internacional prometeu doar 370 milhões de dólares em ajuda humanitária de ao Líbano durante uma reunião de doadores organizada pela França com apoio da ONU, realizada nesta quarta.

Os participantes novamente pediram "a formação de um governo dedicado a salvar o país" e expressaram preocupação com os atrasos na investigação da explosão.

"Nenhuma quantidade de ajuda externa será suficiente se os líderes do Líbano não se comprometerem a fazer o trabalho necessário de reforma da economia e combate à corrupção", ressaltou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que anunciou uma ajuda de 100 milhões de dólares.

Por sua vez, o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que seu país contribuirá com cerca de 100 milhões de euros (120 milhões de dólares) em 12 meses e enviará 500 mil doses de vacina contra a covid-19.


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