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Estado de Minas LOS ANGELES

Documentário sobre incêndios na Califórnia aborda ação humana por trás do fogo


03/08/2021 17:12

Meses antes da cineasta indicada ao Oscar Lucy Walker começar a filmar um documentário sobre o maior incêndio visto na Califórnia, as chamas perderam em magnitude para outro incêndio.

O incêndio Thomas de 2017 é agora o sétimo maior, considerando a área destruída, e deve em breve ser ultrapassado pelo Dixie, que avança para o norte do estado. As mudanças climáticas agravam a temporada de incêndios, tornando-a mais longa, mais quente e mais devastadora.

"Uma das coisas que aprendi ao fazer este documentário é que esses incêndios acontecem o tempo todo", disse Walker.

"É uma prova terrível para a tese deste filme. Eu não queria provar um ponto ou fazer um filme atual, mas é onde estamos", acrescentou.

"Bring Your Own Brigade" (Traga sua própria brigada, em tradução livre), que estreia nos Estados Unidos nesta sexta-feira, analisa amplamente as causas, conflitos e possíveis soluções para os incêndios florestais mortais que estão aumentando no oeste dos Estados Unidos.

O filme começa com imagens assustadoras de dois incêndios que devastaram Malibu e Paradise em 2018, duas cidades na Califórnia com contextos socioeconômicos opostos, deixando 88 mortos.

Os cinegrafistas ficaram lado a lado com os bombeiros durante a tragédia e o documentário enfoca os personagens e histórias pessoais de socorristas e moradores teimosos que mais tarde voltaram a viver em comunidades totalmente incendiadas.

Além de histórias que retratam heroísmo, a produção rapidamente aborda como muitos dos mais atingidos por incêndios florestais - e as mudanças climáticas que, segundo cientistas, aumentam esta ameaça - são comumente os mais relutantes em mudar seu comportamento.

Moradores de Malibu, cidade costeira a 54 quilômetros de Los Angeles, votaram contra uma proposta de aumento de impostos para financiar os bombeiros, descarregando sua frustração nas equipes de resgate que, de sua perspectiva, não salvaram suas casas.

Paradise, uma pequena cidade ao norte da capital do estado, rejeitou uma série de medidas econômicas e eficazes para prevenir novas tragédias, descartando soluções simples como a manutenção de um "espaço de defesa", que é a distância necessária de 1,5 metro que deve permanecer sem vegetação em torno das casas.

"O fato de uma cidade como Paradise não poder adotar padrões de construção diferentes significa que eles estarão na mesma situação novamente", disse Walker.

"Não fomos capazes de convencê-los de que mesmo esses pequenos compromissos ou esses custos mínimos valem a pena. Acho isso realmente esclarecedor", disse ela à AFP.

- "Individualista americano" -

Embora faça referência direta às mudanças climáticas, o documentário também aborda outras causas de incêndios florestais que teoricamente deveriam ser mais fáceis de combater.

A obra apresenta o caso aparentemente paradoxal de como a exploração madeireira em grande escala - uma solução proposta pelo ex-presidente Donald Trump - provoca incêndios florestais.

O mortal incêndio em Paradise destruiu um cultivo de madeira vizinho, se expandindo rapidamente entre árvores grossas, detritos do desmatamento e espécies como grama, altamente inflamáveis.

Walker também conversa com membros de grupos indígenas como os plains miwok, que há séculos evitam grandes incêndios, antes da chegada dos europeus, usando o fogo de forma controlada.

As "queimaduras prescritas", usadas para remover a vegetação, estão se popularizando novamente na Califórnia, embora moradores as questionem com frequência por medo e preocupação de que afetem a qualidade do ar.

"Quando não estamos em estado de emergência é difícil fazer sacrifícios", disse Walker, que foi indicada duas vezes ao Oscar, uma delas pelo documentário de 2010 "Waste Land", que retrata o trabalho do artista plástico brasileiro Vik Muniz.

"Sei que não é uma característica exclusivamente americana, mas acho que talvez seja personificada pelo individualista americano armado", acrescentou.

A temporada de incêndios deste ano sugere que uma rápida mudança de atitude será necessária.

Até o final de julho, a quantidade de hectares queimados na Califórnia aumentou mais de 250% em relação a 2020, que já foi o pior ano de incêndios da história recente do estado.


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