A reunião, que aconteceu a portas fechadas, começou nesta madrugada. As delegações foram lideradas pelo vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Riabkov, e por sua homóloga do Departamento de Estado americano, Wendy Sherman.
"As discussões em Genebra foram profissionais e substanciais e ambas as delegações concordaram em se reunir novamente em sessão plenária no final de setembro", explicou Ned Price, porta-voz da diplomacia dos EUA.
Riabkov declarou-se "muito satisfeito" com o desenrolar do encontro, com discussões "pragmáticas, profissionais e precisas" e confirmou que o próximo será no final de setembro, segundo as agências de notícias russas.
As autoridades americanas devem informar a seus aliados da Otan sobre o conteúdo das discussões da quinta-feira em Bruxelas.
- Consultas informais -
Em qualquer caso, até a reunião de setembro, ambas as partes manterão consultas informais para determinar "quais questões os grupos de especialistas tratarão na segunda reunião", disse Price.
Por sua vez, Riabkov ressaltou que Washington e Moscou não chegaram a um acordo sobre como superar a crise de controle de armas.
"É muito complicado. O problema foi colocado de lado por muito tempo e acabamos de iniciar o processo de troca de pontos de vista", disse ele à mídia russa.
Segundo uma alta funcionária do Departamento de Estado, que pediu para ter sua identidade preservada, "este diálogo corresponde aos problemas que tratamos ou poderiam poderiam levar à ameaça de armas nucleares em uma crise ou em caso de conflito, ou que ameaçam desestabilizar a relação bilateral".
"A reunião de hoje é o início deste diálogo com a Federação Russa. A delegação dos EUA discutiu as prioridades americanas, a situação de segurança atual, a percepção nacional de ameaças à estabilidade estratégica, as perspectivas sobre a questão do controle de armas e o formato das futuras sessões do diálogo estratégico", disse o porta-voz do Departamento de Estado.
Ambas as partes reduziram as expectativas antes da reunião.
- Tensões -
O encontro aconteceu em um contexto de tensão. Os Estados Unidos ameaçaram agir, caso a Rússia não ponha fim à onda de ciberataques que, segundo Washington, têm origem, em grande parte, em seu território.
A Rússia, que nega qualquer envolvimento com estes ataques, acolheu favoravelmente os esforços de Biden para que as relações sejam mais previsíveis.
Na terça-feira, porém, em um discurso aos serviços de Inteligência, Biden acusou a Rússia de buscar interferir nas eleições de meio de mandato de 2022, quando serão eleitos congressistas, governadores e outros cargos locais.
"É uma violação pura e simples da nossa soberania", disse o presidente, para quem seu homólogo russo "tem um problema real, é o chefe de uma economia que tem armas nucleares e poços de petróleo e nada mais".
"Ele sabe que está com problemas e, na minha opinião, isso o torna ainda mais perigoso", completou.
Durante a cúpula de 16 de junho, os dois presidentes insistiram na necessidade de dialogar, já que, mesmo nos piores momentos da Guerra Fria, Moscou e Washington mantiveram contato para evitar uma escalada perigosa.
Como a imprensa não teve acesso à reunião em Genebra, as únicas imagens da ocasião são duas fotos divulgadas pela delegação dos Estados Unidos. Uma mostra Wendy Sherman e Serguei Riabkov se cumprimentando em frente a uma bandeira americana e uma russa, e a outra tem os dois diplomatas usando máscaras, um de frente para o outro.
GENEBRA