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Estado de Minas TUNES

Principal partido do Parlamento da Tunísia propõe eleições antecipadas


27/07/2021 18:09 - atualizado 27/07/2021 18:14

O principal partido político no Parlamento da Tunísia propôs, nesta terça-feira (27), a realização de eleições antecipadas após as ações contundentes do presidente Kais Saied, que suspendeu a Assembleia e destituiu o primeiro-ministro, Hichem Mechichi, gerando preocupação na comunidade internacional.

Em dois dias, o presidente tunisiano suspendeu a atividade parlamentar por um mês, destituiu o chefe de governo e dois ministros e deu a si mesmo o poder Executivo deste país norte-africano, afetado por uma crise econômica e social acentuada pela pandemia.

Depois de denunciar "um golpe de Estado contra a revolução e a Constituição", o partido do primeiro-ministro Hichem Mechichi, Ennahdha, se mostrou disposto nesta terça-feira "a realizar eleições legislativas e presidenciais antecipadas simultaneamente".

Segundo este partido de inspiração islamita, principal força parlamentar, isso serviria para "garantir a proteção do processo democrático e evitar que qualquer atraso sirva de pretexto para manter um regime autocrático".

"Decidimos fazer campanha pacificamente para derrotar este projeto (de Saied) e pedimos ao presidente que revogue essa decisão", disse à AFP Noureddine B'Hiri, um líder do partido. "O país precisa de solidariedade nacional", acrescentou.

Os movimentos de Saied geraram preocupação na comunidade internacional, especialmente nos Estados Unidos, França e na União Europeia.

"Pedimos o restabelecimento institucional o mais rápido possível e, principalmente, a retomada da atividade parlamentar, o respeito dos direitos fundamentais e a abstenção de qualquer forma de violência" na Tunísia, disse nesta terça-feira o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, em um comunicado.

O ministério das Relações Exteriores russo também apontou que "as divergências internas devem ser resolvidas apenas no marco do direito".

- Indignação e desemprego -

As contundentes medidas do presidente Saied contam com o apoio de vários tunisianos, indignados com o governo pela sua gestão da pandemia de covid-19 ao ser um dos países com a maior taxa de mortalidade do mundo.

Outros temem um retorno à ditadura nesta jovem democracia surgida após a revolução que derrubou Zine el Abidine Ben Ali em janeiro de 2011, geralmente apresentada como a única bem-sucedida da Primavera Árabe.

Os problemas endêmicos do desemprego e a degradação das infraestruturas públicas que estavam na origem dessa revolta não foram resolvidos.

O órgão que governa o Parlamento tunisiano, presidido por Rached Ghannouchi, também do Ennahdha, "expressou com unanimidade sua rejeição absoluta e sua firme condenação ao que foi anunciado pelo chefe de Estado Kais Saied" em um comunicado na madrugada de segunda para terça-feira.

- "Temer pela revolução?" -

"Devemos temer pela revolução?", questionou o jornal La Presse em um editorial no qual destaca que "o espectro da incerteza política e a falência, conjugado aos efeitos de uma crise sanitária mal administrada, provocaram um terremoto no domingo".

Na segunda-feira, o primeiro-ministro tunisiano Hichem Mechichi se mostrou disposto a ceder o poder a um futuro primeiro-ministro designado por Saied.

"Garantirei a transferência de poder para a pessoa que for designada pelo presidente", declarou.

O que ocorreu na Tunísia provocou muitas reações de outros países.

A França desejou um "retorno, no melhor dos prazos, a um funcionamento normal das instituições", enquanto os Estados Unidos disseram estar "preocupados" e pediram "respeito aos princípios democráticos".

"O presidente Saied está diante de um grande desafio para mostrar aos tunisianos e ao mundo que tomou boas decisões", disse à AFP o cientista político Slaheddine Jourchi.


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