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Estado de Minas LONDRES

UE rejeita pedido do Reino Unido de novo acordo pós-Brexit para a Irlanda do Norte


21/07/2021 12:28

O Reino Unido pediu, nesta quarta-feira (21), à União Europeia para realizar "mudanças significativas" na aplicação dos acordos pós-Brexit na Irlanda do Norte, o que foi descartado por Bruxelas.

O protocolo, arduamente negociado para a conflituosa região britânica, é fonte de grande tensão e ameaça provocar uma grande crise política no país.

Na câmara alta do Parlamento britânico, o ministro encarregado das questões europeias, David Frost, pediu para suspender temporariamente a implementação das disposições aduaneiras específicas acordadas para a Irlanda do Norte após a saída britânica da União Europeia.

"Nós simplesmente não podemos continuar assim", afirmou na Câmara dos Lordes, ao apresentar as demandas britânicas. "Essas propostas vão exigir mudanças significativas no protocolo da Irlanda do Norte", portanto "acreditamos que devemos acertar rapidamente uma moratória" com a UE sobre sua aplicação, acrescentou.

O bloco europeu está disposto a continuar o diálogo e a "encontrar soluções inovadoras" com o Reino Unido, mas "no marco do protocolo" atual, alertou o comissário europeu Maros Sefcovic.

- Distúrbios dos unionistas -

O Reino Unido abandonou formalmente o mercado único europeu e a união aduaneira em 1º de janeiro. Em 24 de dezembro, ambas as partes assinaram um acordo comercial que inclui disposições aduaneiras específicas para a Irlanda do Norte.

Elaborado para evitar uma fronteira entre essa região britânica e a vizinha República da Irlanda - país membro da UE -, inaceitável para os republicanos norte-irlandeses e que ameaçaria o frágil processo de paz instaurado em 1998, o protocolo mantém a região no mercado único europeu e a união aduaneira.

Entretanto, impõe controles a mercadorias procedentes do Reino Unido para evitar que os produtos não autorizados entrem na UE através da Irlanda.

As comunidades unionistas de norte-irlandesas, apegadas ao seu pertencimento à coroa britânica, os denunciam como uma separação do resto do Reino Unido.

Isso provocou distúrbios violentos que despertaram o receio de novos confrontos intercomunitários.

O acordo de paz de Sexta-Feira Santa de 1998 encerrou três décadas de um violento conflito entre republicanos católicos e unionistas protestantes, que deixaram cerca de 3.500 mortos.

- Evitar prorrogações sucessivas -

Entre os produtos que o Reino Unido não pode enviar à Irlanda do Norte estão as carnes refrigeradas, o que levou a imprensa britânica a apelidar o conflito de "guerra das salsichas".

Londres ameaçou suspender unilateralmente a aplicação do protocolo se seus produtos de carne não puderem chegar aos comércios norte-irlandeses.

Entretanto, recentemente fechou um acordo com Bruxelas que permitia seguir enviando carne refrigerada para a região por mais três meses, até 30 de setembro.

Londres pede agora "mudanças significativas" em um protocolo longo e arduamente negociado, o que ameaça provocar a ira de Bruxelas.

Segundo um documento enviado por Londres à Comissão Europeia nesta quarta-feira, a moratória incluiria a ampliação dos atuais períodos de carência para certas medidas e o congelamento das ações judiciais por parte dos 27 da UE.

Esta solução permitirá "abordar os problemas em seu conjunto", em vez de pedir várias prorrogações dos períodos de carência, explicou o ministro norte-irlandês Brandon Lewis na Câmara dos Comuns.

O governo conservador de Boris Johnson quer negociar que os produtos britânicos destinados ao mercado da Irlanda do Norte, mas não ao da UE, possam entrar com quase nenhum controle aduaneiro. Também quer suas normas comerciais sejam aceitas por lá e não apenas as europeias, para que as mercadorias possam circular sem dificuldades.

Bruxelas sempre rejeitou este tipo de medida, por considerá-las um risco para a integridade de seu mercado na ausência de uma fronteira física entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, orgulhoso de suas origens irlandesas, expressou sua preocupação com a aparição deste novo obstáculo.

Biden e seu secretário de Estado Anthony Blinken "estão determinados a garantirem que o acordo da Sexta-feira Santa seja respeitado", declarou nesta quarta-feira à BBC John Kerry, atualmente no Reino Unido como enviado especial para a mudança climática.


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