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Estado de Minas LIMA

Confiança dos mercados será desafio para Castillo no Peru


20/07/2021 14:17

O próximo presidente do Peru, Pedro Castillo, terá que lidar não só com a pandemia e a instabilidade política, mas também com uma grave crise econômica, por isso será fundamental conquistar a confiança dos mercados.

Em 28 de julho, dia do bicentenário da independência do Peru, esse professor de esquerda assumirá as rédeas de um país cuja economia afundou 11,12% em 2020 devido à pandemia e perdeu dois milhões de empregos.

Assim que Castillo emergiu como o vencedor, um dia após a votação de 6 de junho, os mercados foram abalados por medo de uma virada brusca após três décadas de políticas econômicas liberais.

Assim, seu principal desafio na esfera econômica, na opinião de analistas e consultorias de risco, é a credibilidade junto aos investidores peruanos e estrangeiros.

"Deve dar sinais claros de que a gestão objetiva da economia será profissional, que técnicos sólidos serão convocados", comentou à AFP o economista Hugo Ñopo, pesquisador do Grade (Grupo de Análise para o Desenvolvimento).

A consultoria de risco Eurasia, em relatório recente para seus clientes, alertou que "o governo Castillo provavelmente seguirá uma trajetória esquerdista, mesmo se moderar de alguma forma no início. No entanto, a política econômica provavelmente será errática e poderá se radicalizar".

Ñopo ressalta que há expectativas negativas no setor privado e a capacidade de Castillo de impor seu programa num Congresso fragmentado, onde seu partido Peru Libre tem apenas 37 dos 130 assentos, deverá ser vigiada.

"Uma das urgências é prestar atenção às expectativas e acalmá-las para que o dólar não continue subindo, para que os preços não subam e para que o capital privado não saia do país", afirma o economista.

O dólar está perto de quatro soles há um mês e meio, ante 3,62 em dezembro, enquanto a Bolsa de Lima despencou 7,7% no dia seguinte à votação.

A incerteza persistiu devido ao atraso de seis semanas do júri eleitoral em proclamar o presidente eleito, o que só o fez na segunda-feira.

A Bolsa operava em alta esta manhã (+0,56%) e o dólar subia 0,34%, para 3,964.

Ñopo acredita que o novo presidente deve "construir pontes com os mercados, que hoje suspeitam do que ele pode fazer".

Buscando acalmar os temores, Castillo anunciou em 26 de junho sua intenção de manter Julio Velarde como presidente do Banco Central. Ele está no cargo há 15 anos e é reconhecido por sua prudência na condução da política monetária.

- "Ameaças significativas" -

A governança é outro desafio, após uma campanha eleitoral polarizada e cinco anos marcados por convulsões políticas, que levou o país andino a ter três presidentes em novembro de 2020.

Os mercados pensaram que a direitista Keiko Fujimori venceria, então o alarme disparou após a votação.

"As ameaças à estabilidade política e social serão significativas, com os consequentes riscos de protestos e esforços para destituir Castillo", estima Eurasia.

Segundo a consultoria, pode haver confrontos entre Castillo e "setores-chave da população, políticos e líderes empresariais" que temem uma virada radical para o socialismo semelhante ao da Venezuela.

A equipe de Castillo tem procurado acalmar esses temores e seu principal assessor econômico, Pedro Francke, destacou que o programa "nada tem a ver com a proposta venezuelana".

"Não faremos desapropriações, não faremos nacionalizações, não faremos controles de preços generalizados, não faremos controles de câmbio", disse Francke em entrevista à AFP em 11 de junho.

Para Eurasia, será difícil a materialização de uma agenda de reformas radicais, dadas as "restrições institucionais" existentes, incluindo a falta de maioria legislativa.

No entanto, a empresa acredita que a política econômica será muito diferente das últimas décadas.

Ñopo destaca a importância das nomeações para chefe de Gabinete, ministros da área econômica, bem como chefes de órgãos e empresas estatais.

"Há centenas de pessoas que precisam ser nomeadas", diz, o que vai delinear para onde vai o governo que ele assume em oito dias.

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