"Há uma série de assuntos, questões que estamos tentando esclarecer com o Irã e teremos que esperar para reiniciar [as discussões] novamente com a próxima equipe dirigente", disse Grossi em entrevista no Rio de Janeiro, à margem de uma visita oficial ao Brasil.
"Isso nos coloca em uma situação bastante incômoda. Quero dizer, a AIEA, não sei sobre os outros [participantes das negociações], mas suponho que eles preferem negociar a esperar", acrescentou.
"De certa forma, estamos navegando às cegas. Mas temos que ser otimistas, profissionalmente otimistas, e dizer: devemos esperar e recomeçar o quanto antes, assim que o novo governo tomar posse", continuou.
O governo iraniano indicou no sábado passado que as negociações em Viena para tentar salvar o acordo nuclear com o Irã de 2015 não serão retomadas até que o presidente ultraconservador Ebrahim Raisi, que ganhou as eleições de junho, tome posse em 5 de agosto.
"Estamos em um período de transição (...) Portanto, as negociações de Viena devem obviamente esperar por nosso novo governo", disse Abas Araghchi, vice-ministro das Relações Exteriores e chefe da equipe de negociação da República Islâmica.
Raisi substituirá o moderado Hassan Rohani, cuja eleição em 2013 permitiu fechar um acordo com a comunidade internacional em 2015, após doze anos de crise em torno da questão nuclear iraniana.
Esse pacto ofereceu a Teerã alívio das sanções do Ocidente e da ONU em troca de seu compromisso de não adquirir armas nucleares e uma redução drástica em seu programa nuclear, sujeito às inspeções da AIEA.
Mas o acordo foi abalado em 2018 pela decisão do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, de deixá-lo e restabelecer as sanções americanas ao Irã.
O sucessor de Trump, Joe Biden, expressou sua intenção de voltar ao acordo e entrou em negociações indiretas com o Irã, enquanto os outros estados signatários do acordo (Reino Unido, China, França, Alemanha e Rússia) mantêm conversações em Viena.
"Continuamos abertos à continuação e, em última instância, à conclusão [do acordo] de maneira produtiva", disse Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado americano, a repórteres nesta segunda-feira.
"Também deixamos claro que essa proposta não ficará na mesa indefinidamente", acrescentou.
RIO DE JANEIRO