Jornal Estado de Minas

BUENOS AIRES

Kirchner pede a anulação do julgamento contra ela por encobrimento no ataque à AMIA

A vice-presidente argentina, Cristina Kirchner, pediu nesta sexta-feira(16) a anulação do processo contra ela por supostamente ter acobertado líderes iranianos, acusados do ataque contra associação mutual judia AMIA, chamando-o de "um absurdo, um escândalo judicial e político".



"A denúncia foi fruto de um instrumento de perseguição de opositores políticos ao governo de Mauricio Macri (2015-2019)", disse Kirchner, de 68 anos, em audiência remota ao tribunal que a julga.

A audiência foi realizada logo após a comunidade judaica realizar um ato virtual em homenagem às vítimas do atentado, cujo 27º aniversário será lembrado no domingo.

A ação contra Kirchner e vários de seus funcionários quando ela era presidente (2007-2015) foi apresentada por ter promovido a aprovação no Congresso de um Memorando com o Irã para interrogar, fora da Argentina, os acusados do ataque a bomba contra a AMIA em Buenos Aires em 1994, que deixou 85 mortos e 300 feridos.

"Este caso é um escândalo monumental. Dois dos juízes que me julgam não são imparciais. (Mariano) Borinsky visitou Macri 15 vezes na residência presidencial e (Gustavo) Hornos, seis vezes na Casa de Governo", disse a vice-presidente.

A titular do Senado apontou os magistrados como "membros de um painel judicial para a perseguição de opositores".



Vários casos contra Kirchner por suposta corrupção durante seus dois mandatos presidenciais (2007-2015) foram arquivados, mas ela ainda é processada em um total de sete.

O ataque de 1994 foi atribuído a governantes iranianos, liderados pelo então presidente Ali Rafsanjani.

"O Memorando nunca entrou em vigor porque o parlamento iraniano nunca o aprovou", disse Kirchner.

A denúncia contra ela foi feita pelo procurador Alberto Nisman, que foi encontrado morto em 2015 no banheiro de seu apartamento com um tiro na têmpora, caso que chocou o país.

O ataque da AMIA foi o segundo contra a comunidade judaica argentina, a maior da América Latina, depois do perpetrado em 1992 contra a embaixada de Israel, com 29 mortos e 200 feridos.

Os autores de ambos ainda não foram punidos.

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