Jornal Estado de Minas

CABUL

Fotógrafo premiado da Reuters morre na cobertura dos confrontos no Afeganistão

Danish Siddiqui, fotógrafo da agência de notícias Reuters ganhador de um prêmio Pulitzer, morreu nesta sexta-feira (16), quando cobria os confrontos entre os talibãs e as forças de segurança afegãs perto da fronteira com o Paquistão - informou o veículo.





As forças de segurança afegãs tentavam retomar, nesta sexta, a estratégica cidade de Spin Boldak (sul), que caiu nas mãos dos talibãs na quarta-feira (14).

Siddiqui e um oficial afegão de alta patente foram mortos por fogo do Talibã, disse um comandante do Exército afegão à Reuters.

De nacionalidade indiana, o fotógrafo de 38 anos acompanhava as forças de segurança afegãs perto de Kandahar, a principal cidade do sul do Afeganistão, desde o início da semana.

"Estamos buscando mais informações, trabalhando com as autoridades da região", disseram o presidente da Reuters, Michael Friedenberg, e a editora-chefe, Alessandra Galloni, em um comunicado.

"Danish foi um jornalista excepcional, um marido e pai dedicado e um colega muito querido. Nossos pensamentos estão com sua família neste momento terrível", acrescentaram.



Na madrugada desta sexta, o fotógrafo havia informado à Reuters que havia sido baleado no braço.

Segundo o comandante local citado pela Reuters, ele estava sendo tratado e se recuperando, quando os combatentes dos talibãs que se retiravam de Spin Boldak encontraram-no.

Siddiqui fez parte da equipe que ganhou um Prêmio Pulitzer em 2018 por sua cobertura da crise dos refugiados rohingyas.

Ele trabalhava para a Reuters desde 2010 e cobriu, entre outros, as guerras no Afeganistão e no Iraque, a crise dos rohingyas, os protestos em Hong Kong e os terremotos no Nepal.

O Afeganistão é considerado há muito tempo um dos países mais perigosos do mundo para jornalistas.

No ranking de liberdade de imprensa de 2021 publicado pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF), o Afeganistão ocupa o 122º lugar entre 180.



Vários jornalistas ou profissionais da mídia, incluindo mulheres, foram mortos em ataques direcionados desde que Washington e o Talibã chegaram a um acordo, em fevereiro de 2020, abrindo caminho para a saída das tropas estrangeiras do país.

Vários apresentadores, repórteres e freelancers foram mortos a tiros, muitas vezes durante o trânsito da hora do rush, em Cabul e outras cidades, e dezenas foram ameaçados.

Esses ataques direcionados foram atribuídos ao Talibã pelas autoridades, embora o grupo Estado Islâmico (EI) tenha reivindicado alguns deles.

Em 2020, pelo menos 7 jornalistas e profissionais da imprensa foram mortos e 18 feridos no Afeganistão, de acordo com o Comitê para a Proteção de Jornalistas Afegãos (AJSC).

Em maio desse ano, o AJSC anunciou que quase mil profissionais deixaram ou perderam seus empregos nos seis meses anteriores.

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