Na madrugada de 16 de julho de 2016, facções rebeldes do Exército enviaram veículos blindados para as ruas e aviões que sobrevoaram Istambul e Ancara, bombardeando lugares como o Parlamento.
A intervenção de elementos leais ao governo e de dezenas de milhares de apoiadores de Erdogan, que foram às ruas para apoiar o presidente, conseguiram conter a revolta. O saldo foi de 251 mortes, sem contar os golpistas.
Esta nação jamais perdoará a traição, os traidores e aqueles que estão ao lado dos traidores", exclamou o presidente turco, durante uma cerimônia em Ancara para homenagear os mortos.
Símbolo da importância histórica representada pelo golpe de Estado frustrado, Erdogan pronunciará um discurso à noite para milhares de apoiadores e vai inaugurar um "museu da democracia", que vai recriar os principais acontecimentos daquela madrugada que, em sua opinião, "mudou o destino" da Turquia.
Para vários analistas, o golpe de Estado acelerou a tendência autoritária do líder turco, que em 2017 reforçou seus poderes substituindo o sistema parlamentar por uma administração presidencial forte.
À frente da Turquia desde 2003, Erdogan viu esse golpe fracassado como "uma oportunidade de acelerar a concentração de poder em suas mãos", opina um diplomata ocidental.
Acusando um ex-aliado como responsável pela revolta - o pregador Fethullah Gülen -, o presidente lançou uma repressão implacável contra seus supostos seguidores, que depois se estendeu à oposição pró-curda e à mídia crítica.
O golpe permitiu a Erdogan "justificar a repressão contra uma ampla oposição" argumentando que "grupos hostis buscam permanentemente prejudicar" a Turquia, explica Soner Cagaptay, especialista do Instituto de Política do Oriente Próximo, em Washington.
Cinco anos depois e apesar das críticas, a repressão continua: supostos apoiadores de Gülen são detidos toda semana e o principal partido pró-curdo, HDP, com vários deputados presos, está prestes a ser banido.
Desde 2016, mais de 300.000 pessoas foram detidas em meio à luta contra o movimento de Gülen e quase 3.000 receberam condenações de prisão perpétua, segundo as autoridades.
Além disso, mais de 100.000 funcionários foram destituídos de instituições públicas, entre eles 23.000 soldados e 4.000 juízes, em meio a uma perseguição sem precedentes.
Na quarta-feira, Erdogan afirmou que a luta contra o movimento de Gülen continuará "até que seu último membro seja neutralizado para que não possa provocar danos".
ANCARA