"O que encontramos são os restos da antiga entrada da capela de um convento recoleto construído em 1606", explicou à AFP Luis Martín Bogdanovich, gerente do Programa Municipal de Recuperação do Centro Histórico de Lima.
A área descoberta sob a Plaza Francia mede cerca de 70 metros quadrados e é cortada por uma tubulação de água potável instalada há duas décadas.
A antiga capela era frequentada por San Juan Macías (1585-1645), religioso dominicano espanhol que participou da evangelização do Peru a partir de 1620 e canonizado pelo Papa Paulo VI em 1975.
"Esta capela tem a particularidade de ser revestida com azulejos e tijolos. Há uma série de dados que fazem com que tenha não só uma importância arquitetônica, mas também uma relevância histórica", disse Bogdanovich.
Ele indicou que arqueólogos e funcionários municipais fizeram a descoberta quando trabalhavam na restauração da Plaza Francia e da igreja adjacente La Recoleta.
A antiga capela, cujos vestígios foram encontrados com um metro de profundidade, foi demolida em 1935 durante as obras de modernização de Lima.
Entre os elementos descobertos na capela, destacam-se os azulejos sevilhanos nos pisos, cantos e paredes, que sobreviveram quase intactos ao longo de quatro séculos.
Também foram encontradas partes de talheres, a cabeça de uma boneca de cerâmica dos séculos XVII e XVIII, além de restos de garrafas, tinteiros, botões e candelabros.
A descoberta de construções ou objetos pré-colombianos ou coloniais é frequente no Peru, que possui um patrimônio arqueológico inestimável.
"Esta é a terceira escavação com descobertas[recentemente em Lima]. Temos o Molino de Aliaga [construído em 1548] e na igreja de São Francisco, outra capela [de 1606] foi encontrada", disse o prefeito Jorge Muñoz.
Os dominicanos, também conhecidos como a "Ordem dos Pregadores", foram os primeiros religiosos católicos a pisar no Peru, acompanhando o desbravador Francisco Pizarro em 1531.
Gerónimo de Aliaga também foi um dos companheiros de Pizarro e construiu o primeiro engenho da cidade.
Para evitar danos ao patrimônio, os municípios do Peru e as empresas de serviços públicos contam com arqueólogos ao fazerem escavações.
LIMA