Jornal Estado de Minas

CABUL

População deve se render para evitar combates nas cidades, dizem talibãs

Os talibãs não querem combates nas cidades afegãs, das quais se aproximaram nos últimos dias, e pediram a seus habitantes que se entreguem para evitar danos maiores.



"Agora que, das montanhas e desertos, os combates chegaram às portas das cidades, os mujahedines não querem lutar dentro da cidade", declarou Amir Khan Muttaqi, em uma mensagem postada no Twitter por um porta-voz dos talibãs.

"É melhor que nossos compatriotas usem todos os meios a seu alcance para entrar em contato conosco" e "chegar a um acordo sensato para evitar que as cidades sofram danos", advertiu Muttaqi, ex-ministro da Informação e da Cultura do regime talibã.

O apelo dos talibãs é a mesma estratégia usada quando conquistaram o poder nos anos 1990: cercar as cidades e obrigar seus habitantes a negociar a rendição.

Os talibãs "garantem a todos os habitantes que o Afeganistão será sua pátria e que ninguém se vingará", disse seu porta-voz, Zabihullah Mujahid, em uma mensagem de áudio.

Desde o final de maio, aproveitando-se do movimento de retirada das tropas estrangeiras do país, os talibãs assumiram o controle de importantes áreas do território.

Devido à atual ausência do apoio aéreo dado pela tropas americanas, o Exército afegão não tem como oferecer uma resistência importante frente ao avanços dos insurgentes. Neste momento, o governo controla apenas as grandes cidades e as principais estradas.



Nas últimas semanas, vários distritos próximos a Cabul caíram nas mãos dos talibãs, o que aumenta o medo sobre um possível ataque à capital e a seu aeroporto. Para muitas pessoas, sobretudo, estrangeiras, esta é única via de saída do país.

Os insurgentes afirmam que já têm sob seu controle 85% do território afegão. Este percentual é contestado pelas autoridades nacionais e, até o momento, impossível de ser verificado de forma independente.

Poucas horas depois desta mensagem, quatro civis morreram em uma explosão no centro de Cabul, segundo a polícia.

- Advertência à Turquia

Nesta terça-feira (13), os talibãs advertiram a Turquia contra a manutenção de suas tropas no Afeganistão, depois que as todas as forças lideradas pelos Estados Unidos tiverem deixado o país.

"A decisão das autoridades turcas não é correta, uma violação da nossa soberania e da integridade territorial e vai contra nossos interesses nacionais", disseram os talibãs em um comunicado.

"Consideramos a manutenção das tropas estrangeiras em nossa pátria, independentemente do país, ou do pretexto, uma ocupação, e os invasores serão tratados como tais", acrescentaram.



Nesse sentido, prometeram que, se a Turquia "não reconsiderar sua decisão", o grupo insurgente "resistirá como resistiu a 20 anos de ocupação" estrangeira.

Esta declaração surge depois de o governo turco prometer enviar tropas para proteger o aeroporto de Cabul, quando as forças estrangeiras deixarem o local, em agosto próximo.

Nos últimos anos, os talibãs atacaram cidades importantes do país, como Kunduz e Ghazni, mas sempre tiveram de retroceder.

Em julho, no âmbito da ofensiva iniciada em maio, atacaram Qala-i-Naw, capital da província de Badghis. Hoje, o ministro afegão da defesa anunciou que a cidade está sob controle, após vários dias de combates.

Os insurgentes dominam, no entanto, dois distritos na província de Bamyan (centro), após a retirada das forças afegãs, informou Mohammad Hassan Assadi, um membro do conselho regional, nesta terça à AFP.

Os talibãs não entravam nesta província desde que seu regime foi deposto. Nela, vive a minoria xiita hazare, vítima de abusos por parte dos talibãs quando estavam no poder.

audima