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Estado de Minas MOSCOU

Talibãs dizem controlar 85% do território afegão


09/07/2021 15:09 - atualizado 09/07/2021 15:13

Os talibãs afirmaram, nesta sexta-feira (9), que controlam 85% do território do Afeganistão, incluindo dois postos na fronteira com Irã e Turcomenistão, após uma ofensiva de dois meses contra as forças de Cabul aproveitando a retirada militar dos Estados Unidos.

Em coletiva de imprensa em Moscou, uma delegação talibã afirmou controlar 85% do território afegão e 250 de seus 398 distritos, um dado que não pôde ser verificado de forma independente.

"Se (os talibãs) controlam uma proporção tão grande do território, por que seus líderes vivem no Paquistão e não podem vir para o Afeganistão?", reagiu Fawad Aman, porta-voz do Ministério da Defesa. "Por que enviam seus combatentes mortos ou feridos para o Paquistão?", acrescentou.

As forças afegãs, agora sem o crucial apoio aéreo americano, perderam muito espaço, mas afirmaram nesta sexta-feira que fizeram os talibãs saírem de Qala-i-Naw (noroeste), a primeira capital da província de Baghis, atacada pelos insurgentes desde o início de sua ofensiva.

Os combatentes talibãs atacaram também um presídio nos arredores de Kandahar, a principal cidade do sul do Afeganistão, sua antiga fortaleza.

"Os combates persistem e nós enviamos reforço, incluindo as forças especiais, para limpar a área", disse o porta-voz da polícia de Kandahar, Jamal Naser Barekzai.

Na quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que a missão militar americana no Afeganistão terminaria em 31 de agosto, quase 20 anos após o início.

Ele afirmou que não era "inevitável" que o país caísse nas mãos dos talibãs, mas disse que as autoridades afegãs tinham a capacidade de garantir a continuidade do governo.

Os talibãs, no entanto, têm agora um conjunto de territórios que se estende da fronteira iraquiana, no oeste, até a fronteira com a China, no nordeste.

Eles anunciaram nesta sexta-feira que tomaram duas grandes passagens fronteiriças. Primeiro a de Islam Qala, a maior com o Irã, e depois a de Torghundi, com o Turcomenistão, ambas na província afegã de Herat (oeste).

Segundo o porta-voz do Ministério do Interior, Tareq Arian, as forças afegãs agora tentam retomá-las.

A maior parte do comércio legal entre o Afeganistão e o Irã passa por Islam Qala.

No mês passado, os insurgentes já haviam conquistado Shir Khan Bandar, o principal posto fronteiriço entre o Afeganistão e o Tadjiquistão. Cerca de mil soldados afegãos se refugiaram no território do Tadjiquistão após os intensos combates.

- "Quanto antes, melhor" -

Os talibãs "controlam atualmente quase dois terços da fronteira com o Tadjiquistão", disse a porta-voz diplomática russa, Maria Zakharova, nesta sexta-feira.

"Fazemos um apelo aos dois lados do conflito interafegão para que mostrem moderação e evitem que as tensões se estendam para além das fronteiras do país", acrescentou, enquanto uma delegação talibã se encontra em Moscou.

As forças afegãs perderam muito terreno, especialmente nas áreas rurais, e os talibãs estão cercando as principais cidades, como Herat.

Suhail Shaheen, um porta-voz do Talibã, disse à AFP que os insurgentes queriam um "acordo negociado" e que "não acreditam no monopólio do poder". No entanto, os rebeldes parecem ter pouco interesse nas negociações com o governo, atualmente estagnadas.

Os talibãs também receberam com satisfação o anúncio de Biden. "Quanto antes, melhor para a saída das tropas americanas e estrangeiras", reagiu Shaheen.

O país enfrenta "um dos episódios mais complicados da transição", reconheceu na quinta-feira o presidente afegão Ashraf Ghani.

Os políticos também parecem estar em dificuldades, como demonstra um áudio que vazou nesta sexta-feira nas redes sociais. Na gravação, o vice-presidente Amrullah Saleh ameaça matar um parlamentar depois de acusá-lo de incentivar as forças afegãs a se renderem aos talibãs durante a ofensiva na província de Badghis.

Ismail Khan, un conhecido senhor da guerra cuja milícia ajudou as forças americanas a derrubarem o regime talibã em 2011, prometeu tomar as armas contra os talibãs.

"Em breve iremos para o front e, com a ajuda de Deus, mudaremos a situação", afirmou.


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