"MSF anuncia a suspensão de suas atividades em Abi Adi, Adigrat e Axum, no Tigré Central e Oriental. As equipes de MSF em outras regiões do Tigré continuarão ajudando, com prudência, as pessoas que precisarem urgentemente", declarou a ONG em um comunicado.
Ao menos doze trabalhadores humanitários morreram no Tigré desde o início dos combates em novembro entre o exército etíope e as forças leais às autoridades regionais dissidentes da Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF).
Em 25 de junho, MSF anunciou a morte de três de seus funcionários - uma espanhola e dois etíopes.
"Quase duas semanas após o assassinato de nossos colegas, ninguém reivindicou a responsabilidade, e as circunstâncias de suas mortes ainda são difusas", declarou Teresa Sancristoval, diretora de operações de MSF, no comunicado.
"Por conta disso, pedimos uma investigação imediata das partes envolvidas para estabelecer os fatos [...] e que nos entreguem um relatório detalhado do que aconteceu e quem é o responsável", acrescentou, afirmando que a decisão de suspender suas atividades foi "extremamente dolorosa".
Segundo a ONU, mais de 400.000 pessoas "ultrapassaram o limite da fome" nesta região do norte da Etiópia, enquanto outras 1,8 milhão de pessoas estão "à beira da fome".
O Tigré é palco de combates desde que o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou o exército no início de novembro de 2020 para derrubar o governo local. O líder, prêmio Nobel da Paz 2019, acusava o Executivo regional de ter atacado bases militares federais.
As forças leais ao governo regional derrubado recuperaram o controle da capital regional Mekele em meio a uma contraofensiva lançada em 18 de junho. Após este movimento, o governo federal declarou uma trégua unilateral.
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