Jornal Estado de Minas

BERLIM

EUA e Alemanha pedem reforço do combate ao antissemitismo

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, e seu colega alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas, pediram nesta quinta-feira (24), em Berlim, esforços redobrados para combater o ressurgimento do antissemitismo, especialmente agora com a morte das últimas testemunhas do Holocausto.



Em sua primeira viagem à Alemanha, Blinken anunciou, junto com Maas, o lançamento de uma iniciativa para pensar formas "inovadoras" de ensinar sobre o genocídio de seis milhões de judeus, mas também de homossexuais, ciganos e opositores políticos por parte dos nazistas no Terceiro Reich.

Genro de um sobrevivente dos campos nazistas de Auschwitz e de Dachau, Blinken observou que o Holocausto foi "uma descida gradual para a escuridão" possibilitada por "inúmeras medidas individuais destinadas a (...) desumanizar as pessoas".

É "especialmente urgente" entender isso, "à medida que os sobreviventes morrem, e os negadores do Holocausto ficam mais fortes e encontram novas maneiras insidiosas de espalhar suas mentiras", insistiu Blinken, no segundo dia de sua visita à Alemanha.

Ambos os chefes da diplomacia visitaram o Memorial do Holocausto, perto do Portão de Brandemburgo, onde uma sobrevivente do Holocausto de 99 anos, Margot Friedländer, esperava por eles.

Muito conhecida na Alemanha, onde continua a testemunhar perante as gerações mais novas, esta sobrevivente, que emigrou para Nova York depois da guerra, viu sua mãe e irmão serem assassinados, em Auschwitz.



Antes de ser deportada em 1943, sua mãe deixou um colar e uma mensagem para ela: "Tente levar sua vida", título que ela deu muito mais tarde à sua autobiografia.

"Você fez um trabalho incrível em seus primeiros 100 anos. Vamos esperar até os próximos 100 para ver o que fará", disse Antony Blinken à parte.

"Nossa força reside no fato de que carregamos o peso da responsabilidade histórica sem restrições", declarou, por sua vez, o ministro alemão das Relações Exteriores.

Também "na união de nossas forças na busca de progredir da melhor maneira", continuou Maas, que expressou preocupação com o aumento do antissemitismo, especialmente por parte da extrema direita.

Uma tentativa de ataque a uma sinagoga em Halle, na ex-República Democrática (leste), em outubro de 2019, chocou consideravelmente o país. Seu autor, um ultradireitista condenado à prisão perpétua, atirou e matou duas pessoas quando não conseguiu entrar no prédio religioso.

Recentemente, manifestações em várias cidades alemãs após o último surto de violência entre Israel e palestinos também deram origem a um discurso antissemita, fortemente condenado pelas autoridades.

Inaugurado em 2005, o Memorial do Holocausto é um conjunto de 2.710 estelas de concreto, de diferentes tamanhos, em memória dos seis milhões de judeus assassinados na Europa pelos nazistas.



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