Em sinal da renovação de um relacionamento historicamente estreito, as duas potências mostraram-se dispostas a superar suas diferenças sobre o gasoduto Nord Stream 2 e, de forma mais ampla, a Rússia.
"Acho que é justo dizer que os Estados Unidos não têm um parceiro melhor, um amigo melhor no mundo do que a Alemanha", disse Blinken em uma entrevista coletiva com a chanceler Angela Merkel.
Embora essas palavras possam soar como uma cortesia diplomática, elas parecem contrastar com a posição tradicional dos Estados Unidos, que muitas vezes consideram o Reino Unido como seu parceiro mais próximo.
"Tudo começa com valores e interesses compartilhados", assim como "a crença compartilhada de que todos os desafios que enfrentamos têm um impacto na vida das pessoas", disse Blinken, cuja primeira etapa de sua viagem europeia é a Alemanha.
Ele também visitará a França e a Itália, onde se encontrará com o chanceler israelense, Yair Lapid.
- Base comum -
Merkel concordou com a "base comum" das posições de ambos os países, em particular no que diz respeito à Rússia e à China, "mas também sobre a questão das alianças que podemos formar".
A chefe do governo alemão prometeu "continuar essas trocas", que devem ocorrer até 15 de julho, quando Merkel, que deixará o cargo após as eleições parlamentares de 26 de setembro, fará sua primeira visita à Casa Branca desde que Joe Biden assumiu a Presidência, em janeiro.
As palavras de Blinken marcam uma mudança notável do governo Trump, que por quatro anos multiplicou as críticas à Alemanha, tanto em sua balança comercial quanto em sua participação no orçamento da Otan.
Mesmo na questão espinhosa do gasoduto Nord Stream 2, o centro da discórdia entre Washington e Berlim, os dois países agora estão tentando se aproximar.
Blinken reiterou a rejeição de seu país ao projeto, mas expressou a esperança de chegar a um acordo com as autoridades alemãs.
Este gasoduto, muito criticado em Washington e no leste europeu, liga a Rússia e a Alemanha através do Mar Báltico sem passar pela Ucrânia.
Mas "estamos determinados a ver se podemos tirar algo positivo de uma situação difícil que herdamos", frisou Blinken.
- Compromisso -
"Conhecemos as expectativas em Washington e é extremamente importante que alcancemos um resultado com o qual Washington também possa trabalhar", disse, por sua vez, o ministro das Relações Exteriores alemão, Heiko Maas, afirmando que deseja alcançar "resultados em breve".
Maas disse esperar progressos antes da visita de Merkel a Washington.
O objetivo é chegar a um acordo antes de agosto, quando o governo dos EUA deve apresentar um relatório ao Congresso sobre o oleoduto e as sanções que o acompanham.
A mídia alemã mencionou a possibilidade de um acordo que inclua um mecanismo de compensação para a Ucrânia.
Atualmente o principal país de trânsito do gás russo para a Europa, a Ucrânia teme perder dinheiro com o gasoduto Nord Stream e também consequências para sua segurança.
O governo Biden renunciou no final de maio aplicar sanções contra a empresa de controle russo que está construindo o oleoduto.
Os líderes alemães não esconderam nos últimos meses seu alívio ao ver Biden assumir a Presidência dos Estados Unidos.
Em outro sinal de desejo de reaproximação, Maas e Blinken se encontrarão novamente na quinta-feira para visitar o Memorial do Holocausto juntos em Berlim.
BERLIM