Jornal Estado de Minas

PARIS

IPCC lista os impactos das mudanças climáticas para as pessoas

Um esboço de relatório do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC), órgão consultivo da ONU sobre clima, oferece a visão mais aprofundada até o momento de como o planeta em aquecimento afetará a saúde, riqueza e o bem-estar da humanidade.



A AFP teve acesso exclusivo ao esboço do informe do IPCC, previsto para ser publicado na íntegra no ano que vem.

Confira abaixo algumas de suas descobertas sobre o impacto na vida das pessoas.

- Água e comida -

O informe demonstra como as mudanças climáticas já reduziram a grande produção agrícola globalmente e estima-se que vá impactar cultivos ao longo do século 21, colocando sob forte pressão países com um número crescente de bocas para alimentar.

- Entre 2015 e 2019, estima-se que 166 milhões de pessoas, principalmente na África e América Central, tenham necessitado de assistência humanitária devido a emergências alimentares relacionadas ao clima.

- O aumento dos níveis de CO2 afetará a qualidade das principais safras, reduzindo minerais vitais e nutrientes em alimentos essenciais.

- Apesar dos maiores níveis de desenvolvimento socioeconômico, cerca de 10 milhões de crianças a mais sofrerão de subnutrição e atrofias até 2050, expondo-as a uma vida associada a riscos de saúde.

- O potencial de captura da pesca marinha - da qual milhões de pessoas dependem como principal fonte de proteína - deve diminuir entre 40% e 70% em regiões tropicais da África, sem redução na poluição de carbono.



- Reduzir à metade o consumo de carne vermelha e dobrar a ingestão de castanhas, frutas e vegetais poderia diminuir as emissões de gases-estufa em até 70% até meados do século e salvar a vida de 11 milhões de pessoas até 2030.

- Clima extremo -

O aumento das temperaturas reduzirá a capacidade física de trabalho, com o sul da Ásia, a África Subsaariana e partes das Américas Central e do Sul perdendo até 250 dias de trabalho por ano até 2100.

- Um adicional de 1,7 bilhão de pessoas serão expostas a um calor severo e 420 milhões serão submetidas a ondas de calor extremas a cada cinco anos se as temperaturas aumentarem de 1,5°C para 2°C de aquecimento - a extensão estabelecida no Acordo de Paris.

- Até 2080, de 390 a 490 milhões de moradores de cidades na África Subsaariana, e de 940 milhões a 1,1 bilhão no sul e sudeste da Ásia poderão enfrentar mais de 30 dias de calor mortal a cada ano.

- Inundações, em média, irão deslocar 2,7 milhões de pessoas anualmente na África. Até 2050, mais de 85 milhões de pessoas podem ser obrigadas a deixar suas casas na África Subsaariana devido a impactos induzidos pelo clima.



- Um aumento de 1,5°C resultaria em um aumento de 100-200% na população afetada por enchentes em Brasil, Colômbia e Argentina, 300% no Equador e Uruguai e 400% no Peru.

- O número de pessoas com risco elevado de morte na Europa irá triplicar com um aquecimento de 3ºC em comparação com um aquecimento de 1,5ºC.

- Doenças e outros impactos -

Enquanto as temperaturas em elevação aumentam os hábitats dos mosquitos, estima-se que até 2050 metade da população mundial esteja exposta a doenças provocadas por vetores, como dengue, febre amarela e zika.

- Sem reduções significativa das emissões de carbono, 2,25 bilhões de pessoas a mais poderiam ser colocadas em risco de dengue na Ásia, Europa e África.

- O número de pessoas que serão obrigadas a deixar suas casas na Ásia deve aumentar seis vezes entre 2020 e 2050.

- Até 2050, entre 31 e 143 milhões de pessoas se tornarão deslocados internos devido à escassez de água, questões agrícolas e ao aumento do nível do mar na África Subsaariana, sul da Ásia e América Latina, a depender dos níveis de emissões.

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