"Temos uma enorme quantidade de países que tiveram que suspender suas campanhas de vacinação para a segunda dose, 30 a 40 países", afirmou o médico Bruce Aylward, responsável da OMS para o sistema denominado Covax, criado com o setor privado para distribuir vacinas aos países menos desenvolvidos.
Alguns dos países afetados "receberam doses da AstraZeneca, por exemplo, e não estão em condições de fazê-lo", afirmou Aylward.
"O intervalo [entre as duas injeções] agora é maior do que esperávamos", disse.
O Covax está negociando diretamente com a AstraZeneca, mas também com o Serum Institute of India, responsável pela maior parte das doses de vacinas para o Covax, e cuja produção não pode ser exportada por decisão de Nova Delhi até que se cumpram as metas de vacinação nacionais.
Um intervalo muito longo entre as duas doses pode provocar o surgimento de variantes mais perigosas ou contagiosas da covid-19.
Segundo Aylward, esses países se encontram particularmente na África Subsaariana, mas também na América Latina, Oriente Médio e no Sudeste asiático.
Diante desta situação de instabilidade, "as doações são uma solução a curto prazo em um mercado muito imperfeito, onde somente os países que têm os recursos ou produzem as vacinas têm acesso" a elas, alertou Aylward.
O responsável também advertiu que o acúmulo de atrasos pode fazer com que, no final, as pessoas não compareçam para se vacinar.
GENEBRA