Jornal Estado de Minas

BOGOTÁ

UE confia em que a Colômbia fará justiça pela morte de manifestantes

A União Europeia (UE) está preocupada com a morte de dezenas de manifestantes durante os protestos que explodiram na Colômbia em 28 de abril e confia no compromisso do governo de que os responsáveis "prestarão contas", disse nesta quinta-feira (17) o enviado especial, Eamon Gilmore.



O representante do bloco se reuniu em Bogotá com o presidente Iván Duque, em meio à crise sangrenta provocada pelo repúdio popular ao governo por sua gestão da emergência sanitária e econômica provocada pela pandemia.

"Falei com o presidente da preocupação que temos na Europa sobre a morte dos manifestantes", disse Gilmore, segundo a tradução de sua declaração em inglês, ao final do encontro com o presidente colombiano.

Ao menos 61 pessoas morreram desde que os protestos começaram, segundo autoridades civis e a Defensoria do Povo, que zela pelos direitos humanos. Dois dos mortos eram membros das forças de ordem.

Gilmore destacou o compromisso de Duque de "assegurar" a "prestação de contas" dos responsáveis dos homicídios que ofuscaram as manifestações e que em vários casos envolveram agentes do Estado.

Duque despertou a ira popular quando quis aumentar impostos para financiar, segundo o governo, as ajudas aos mais afetados pela pandemia. O presidente desistiu da ideia, mas a repressão aos protestos reacendeu o descontentamento.

Segundo o Ministério da Defesa, cerca de 2.500 pessoas, entre civis e membros das forças públicas, sofreram lesões durante as mobilizações.



Embora o governo admita 21 homicídios, a ONG Human Rights Watch sustenta ter recebido "denúncias confiáveis" de 68 mortes no âmbito dos protestos, das quais 20 ocorreram pelas mãos dos policiais, e entre elas 16 provocadas por tiros disparados com a intenção de "matar".

ONU, Estados Unidos e várias ONGs internacionais denunciaram o uso desproporcional da força pelas autoridades durante os protestos.

Após seu encontro nesta quinta-feira, o presidente colombiano agradeceu a "clareza e franqueza" do representante da UE, e disse que seu governo garante o "protesto pacífico", mas que rejeita o "vandalismo, o terrorismo urbano e a destruição" que seguiram às manifestações.

O presidente valorizou que a UE acompanhe a política "de tolerância zero frente a qualquer conduta individual, de um membro da força pública, que seja contrária" em respeito aos direitos humanos.

audima