A decisão foi adotada pelo Tribunal de Justiça de Santiago, que comprovou "a negligência dos órgãos do Estado e a existência do dano causado e da relação causal entre eles" no acidente ocorrido em 5 de agosto de 2010, quando um desabamento bloqueou a entrada da mina San José e prendeu os 33 mineiros a uma profundidade de mais de 600 metros.
"Se os órgãos da administração do Estado tivessem cumprido a sua obrigação legal na forma em que estava previsto (...) os 33 trabalhadores não teriam acabado enterrados vivos no referido local", explica o acórdão, que ainda pode ser recorrido perante a Suprema Corte.
Após 69 dias, todos os mineiros foram resgatados sãos e salvos através de uma perfuração que foi realizada na mina e através da qual foi introduzida uma cápsula de metal na qual emergiram um a um, num espetacular resgate acompanhado ao vivo por milhões de pessoas no mundo.
A decisão determina como principal responsável o Serviço Nacional de Geologia e Minas (Sernageomin), órgão do Estado que devia "zelar pelo cumprimento das normas de segurança nas obras mineiras" e "não agiu, ou o fez de forma imperfeita ou tardia".
Dois dos 33 mineiros não ingressaram, por motivos pessoais, neste processo.
Entre os que o fizeram, está Mario Sepúlveda, 50 anos, interpretado por Antonio Banderas no filme de Hollywood sobre essa história de sobrevivência que fascinou o mundo.
"Nada vai pagar pelo que passamos, mas neste momento da vida o que eu quero é tranquilidade e paz", disse ele à AFP ao comentar a decisão do tribunal.
"Sei que há colegas que estão passando por um momento muito difícil e que nunca mais puderam trabalhar", acrescentou o mineiro após ouvir a decisão judicial que cortou pela metade o valor original solicitado pelos mineiros.
Após uma década de acidentes ocorridos no ano passado, alguns dos mineiros, entre eles Mario Sepúlveda, reconheceram se sentir abandonados pelo Estado do Chile.
SANTIAGO