Jornal Estado de Minas

LA PAZ

Bolívia investiga recebimento de armas de guerra do Equador para uso em conflitos de 2019

A Bolívia está investigando o recebimento de armas e munições de guerra, além de gás lacrimogêneo, enviados pelo Equador, durante o governo da direitista Jeanine Áñez, e se eles foram usados nos conflitos sociais de 2019, informou o governo nesta quinta-feira (10).



"Vimos que o governo equatoriano forneceu gás lacrimogêneo ao governo de Áñez, mas temos informações não oficiais de que também teriam fornecido munições de alto calibre, munições de guerra", disse o ministro do Governo, Eduardo del Castillo.

Também "veremos se os regulamentos legais do Equador permitiam Lenin Moreno levar armas de guerra para outros países", acrescentou.

No final de 2019, ocorreu uma forte convulsão social na Bolívia. O então presidente de esquerda Evo Morales renunciou em novembro, após 14 anos no poder, e se exilou no México, enquanto a oposição denunciava uma fraude a seu favor nas eleições do mês anterior.

Áñez o sucedeu, mas teve que enfrentar a resistência de sindicatos e camponeses relacionados ao ex-governante indígena. Ela ordenou que a polícia e os militares saíssem às ruas para apaziguar os excessos sociais.

Uma investigação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) estabeleceu que pelo menos 35 mortes foram registradas durante o conflito, que já havia estourado antes de Morales renunciar.



O ministro Del Castillo evitou entrar em mais detalhes sobre os envios equatorianos, argumentando que eles estão sendo investigados.

A autoridade também mencionou que o Brasil recebeu um pedido de extradição de Luis Fernando López, ex-ministro da Defesa de Áñez, envolvido na compra de outros lotes de gás lacrimogêneo.

López deixou a Bolívia provavelmente dias antes do fim do governo temporário de Áñez.

Nesse caso, outro ex-ministro de Áñez, Arturo Murillo, foi preso e acusado nos Estados Unidos em maio.

O governo do esquerdista Luis Arce, herdeiro político de Morales, defende o discurso de que em 2019 houve um "golpe", enquanto a oposição aponta uma rebelião popular contra os planos de Morales de governar até 2025.

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