A resolução foi adotada por 397 votos a favor e 85 contra, com 196 abstenções, e lamenta que crianças e menores de idade tenham participado na massiva travessia para Ceuta "pondo claramente em perigo as suas vidas e segurança".
O documento "rejeita o uso pelo Marrocos dos controles de fronteira e de migração, especialmente de menores desacompanhados, como meio de pressão política sobre um Estado-membro da UE".
Em maio, o agravamento de uma disputa bilateral fez com que as autoridades marroquinas suspendessem temporariamente os controles de fronteira com Ceuta, um gesto que levou à chegada repentina de cerca de 10.000 migrantes ao território espanhol.
As imagens de famílias inteiras tentando entrar em Ceuta em barcos improvisados ou pulando as valas de segurança percorreram o mundo e suscitaram uma forte reação da UE, uma vez que a fronteira entre Ceuta e Marrocos é uma fronteira terrestre europeia.
Em sua resolução, os eurodeputados apelaram a Espanha e Marrocos para que colaborem para permitir o repatriamento de menores para as suas famílias, que deve ser pautado pelo interesse da criança e realizado de acordo com o direito nacional e internacional.
Durante os debates, o legislador conservador espanhol Juan Ignacio Zoido afirmou em plenário que Ceuta e Melilla - outro território sob controle espanhol no Marrocos - "fazem parte da União Europeia".
"Por isso, os problemas de Ceuta e Melilha são europeus e as suas fronteiras pertencem a toda a União [Europeia]", insistiu.
"Temos a obrigação de nos entender e de superar as diferenças que surgem com o diálogo e a diplomacia. E as relações de boa vizinhança devem presidir a convivência entre marroquinos e europeus", afirmou.
Por sua vez, o legislador socialista espanhol Nacho Sánchez Amor lamentou que, face a um desentendimento como o entre Marrocos e Espanha, "se tenha decidido abandonar os canais do diálogo diplomático para recorrer a formas inadequadas de pressão de Estados amigos ( ...) colocando em perigo milhares de pessoas, muitas delas menores".
A crise bilateral eclodiu devido à irritação de Marrocos com a hospitalização na Espanha de Brahim Ghali, líder dos separatistas saarauis da Frente Polisario, movimento que milita pela independência do Saara Ocidental e inimigo jurado de Rabat.
ESTRASBURGO