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Estado de Minas SAN SALVADOR

'Recuperar minha liberdade é como nascer de novo', diz salvadorenha após nove anos presa por aborto


08/06/2021 18:33

"Recuperar minha liberdade é como nascer de novo". É o que sente Sara Rogel, uma salvadorenha que recentemente saiu da prisão após cumprir quase nove anos de uma pena de 30 por um aborto classificado como homicídio qualificado, no qual ela se diz inocente.

Rogel, de 28 anos, obteve liberdade condicional antecipada na segunda-feira e saiu de um presídio feminino nos arredores da cidade de Zacatecoluca, no sudeste de El Salvador.

"Estar livre é algo emocionante, recuperar minha liberdade é como nascer de novo, ir para casa, estar junto dos meus pais, parece que nasci ontem", disse a mulher com firmeza em coletiva de imprensa nesta terça-feira (8).

No entanto, sua voz falha ao recordar como "é difícil estar atrás das grades".

"Hoje estou aqui e posso dizer que sou inocente, foi um acidente o que aconteceu comigo", garantiu Rogel, acompanhada por representantes do Grupo Cidadão pela Descriminalização do Aborto Terapêutico, Ético e Eugênico (ACDATEE), que prestou suporte legal a ela.

Após afirmar que ser presa foi como se seus "sonhos" fossem "roubados", Rogel lembrou que quando aconteceu o acidente em que perdeu seu bebê, "queria fazer uma licenciatura em enfermagem".

Os fatos que a levaram à prisão ocorreram em 2012. Rogel, então uma estudante de 20 anos grávida de oito meses, escorregou enquanto lavava roupa em sua casa, na cidade de Santa Cruz Analquito, a 44 km da capital, San Salvador.

A família a encontrou inconsciente e a transferiu para o hospital da cidade de Cojutepeque, onde suspeitaram que ela teria praticado um aborto e notificaram a Polícia e a Procuradoria, que a levaram presa.

Um tribunal a acusou de homicídio qualificado e a condenou a 30 anos de prisão, mas, após várias petições do ACDATEE, a justiça reduziu a pena para 10 anos, que será cumprida em outubro de 2022.

Rogel disse que se juntará "à luta" para que outras mulheres presas por casos semelhantes ao seu possam ser libertadas.

A diretora do ACDATEE, Morena Herrera, explicou na coletiva que atualmente há 14 mulheres na prisão com condenações por casos parecidos com o de Rogel.

"É uma luta constante contra essas sentenças draconianas que castigam as mulheres pobres do país", declarou Herrera, após destacar que desde 2009 o ACDATEE já "ajudou 50 mulheres a saírem da prisão", sendo Rogel a mais recente.

O código penal de El Salvador proíbe o aborto em todos os casos e estabelece penas de até oito anos de prisão. No entanto, promotores e juízes classificam os casos de aborto, inclusive os involuntários, como "homicídio qualificado", punível com até 50 anos de prisão.


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