Jornal Estado de Minas

PARIS

Pesquisadora franco-iraniana completa dois anos presa em Teerã

Em 5 de junho de 2019, a antropóloga franco-iraniana Fariba Adelkhah foi presa em Teerã e as acusações que a condenaram não estão claras ou comprovadas, lembram seus parentes, que aproveitaram este segundo aniversário para chamar atenção para suas condições de detenção.



Neste sábado (5), seu retrato foi colocado na fachada da prefeitura de Paris, diante do olhar de seu companheiro, Roland Marchal, preso no mesmo dia e libertado em março de 2020 em troca de um engenheiro iraniano, preso na França e ameaçado de extradição para os Estados Unidos.

"Dois anos depois, ainda não sabemos por que ela foi presa. Para pressionar a França e fazer chantagem para que os iranianos presos na Europa sejam libertados?", questiona seu comitê de apoio.

O Irã mantém atualmente uma dúzia de ocidentais, a maioria com passaportes iranianos, na prisão ou em prisão domiciliar.

Esses "reféns" são acusados de espionagem ou de atos que ameaçam a segurança do Estado, acusações que os afetados negam.

Os críticos do governo iraniano afirmam que estão sendo mantidos detidos apenas como moeda de troca e para obter concessões.



"Fariba Adelkhah nunca manteve uma atividade política, ela é uma prisioneira científica, privada de liberdade com base apenas em seu trabalho acadêmico", lembra seu comitê de apoio.

Especialista em xiismo e no Irã, essa pesquisadora de 62 anos foi condenada a cinco anos de prisão em maio de 2020 por ser uma ameaça à "segurança nacional" e por atividades de "propaganda" contra a República Islâmica.

Adelkhah permaneceu presa por um ano antes de ser colocada em prisão domiciliar em outubro de 2020 em Teerã. Ela usa uma pulseira eletrônica e não pode se distanciar mais de 300 metros de sua residência.

As eleições presidenciais de 18 de junho no Irã, para as quais o ultraconservador Ebrahim Raisi aparece como favorito, e as negociações para salvar o acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano podem ter consequências para a prisão dessa pesquisadora.

Se o acordo for adiante, talvez a França possa "receber um agradecimento por seu papel positivo" nesta negociação, segundo analistas.

Mas outros, como Clement Therme, um especialista francês no Irã, estão menos convencidos. "A França dialoga com o Estado iraniano visível, com o presidente (Hassan) Rohani, e os reféns ainda estão na prisão", diz.

Enquanto isso, o presidente russo, Vladimir "Putin, fala com a Guarda Revolucionária", o exército ideológico do Irã, e "os reféns russos não passam muito tempo na prisão", estima ele.

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