É a primeira vez, desde o início da pandemia, que as autoridades das Finanças das sete principais economias mundiais se encontram pessoalmente, a uma semana da cúpula de chefes de Estado e de Governo do G7 na Cornualha, no sudoeste da Inglaterra.
"Há uma grande expectativa para um acordo" sobre o imposto de sociedades, declarou o britânico Rishi Sunak na abertura do encontro. "Em uma economia complexa, global e digital, não podemos continuar a depender de um sistema tributário amplamente projetado na década de 1920", afirmou.
A questão de um imposto mínimo global sobre as sociedades, o "pilar" de uma vasta reforma tributária conduzida pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), terá um lugar de destaque na agenda, com a possibilidade de tributar os lucros das grandes multinacionais, particularmente as gigantes digitais, no país onde fazem seus lucros e não apenas onde suas matrizes estão registradas.
Os ministros das Finanças das quatro maiores economias da União Europeia - Alemanha, França, Itália e Espanha, que não integra o G7 - vão defender uma posição comum sobre o assunto, segundo o jornal britânico The Guardian.
A espanhola Nadia Calviño, o alemão Olaf Scholz, o francês Bruno Le Maire e a italiana Daniele Franco prometeram "definir uma posição comum sobre o novo sistema tributário internacional" e destacaram a atual "oportunidade" de "alcançar um acordo histórico".
Essas empresas multinacionais, "como as outras, têm que pagar impostos justos e consistentes com seu sucesso para financiar bens públicos", acrescentam na tribuna.
- Apoio de Biden -
O jornal The Guardian citou, como exemplo, a filial irlandesa da Microsoft, que no ano passado não pagou nenhum imposto porque está registrada nas Bermudas, apesar de ter lucrado US$ 315 bilhões.
Para o G7, trata-se de responder às "estratégias para evitar impostos" de certas empresas, segundo uma fonte próxima às negociações.
O projeto, lançado há alguns anos, recebeu impulso com a chegada à Casa Branca do democrata Joe Biden, mais favorável ao multilateralismo do que seu antecessor, o republicano Donald Trump.
Além disso, os americanos, como muitos outros países, buscam novos recursos para abastecer seus cofres públicos, drenados pela pandemia.
A administração Biden inicialmente sugeriu uma alíquota mínima de imposto sobre as sociedades de 21%, antes de mudar de ideia para 15%.
No entanto, por razões diplomáticas, o anúncio do acordo formal pode ter que esperar pela próxima reunião dos ministros das Finanças do G20 em Veneza, em julho, antes da validação pelos países da OCDE.
- Superar a relutância -
Diante dos países que já se opuseram, como Irlanda e Hungria, cujos impostos corporativos são particularmente baixos, os países do G7 contam com uma força negociadora internacional que poderia superar essa relutância.
De acordo com o projeto de declaração, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França, Itália e Japão também devem se comprometer a "manter políticas de apoio" para suas economias, principalmente diante das novas variantes do vírus que podem ameaçar a recuperação.
O G7 vai reiterar as promessas de ajuda aos países em desenvolvimento, especialmente para a obtenção de vacinas contra a covid-19.
A luta contra as mudanças climáticas também teve destaque. "A transição para a neutralidade de carbono será um dos elementos econômicos que definirão a próxima década e transformarão nossas sociedades futuras. Temos que começar o trabalho prático e tangível de tornar essa transição uma realidade", disse Sunak no final do primeiro dia das reuniões.
E ele exortou outros países a seguirem a abordagem britânica de forçar as empresas a divulgar informações sobre seu impacto climático e a tomar medidas para combater os crimes contra o meio ambiente.
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LONDRES