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Estado de Minas PARIS

Estudo atribui mais de 1/3 das mortes por canículas a mudança climática


31/05/2021 12:22

Mais de um terço das mortes causadas pelas ondas de calor no mundo é diretamente atribuível às mudanças climáticas, e esta proporção é maior em países como Brasil, Colômbia e Peru - revela um estudo divulgado nesta segunda-feira (31).

Publicado na revista "Nature Climate Change", o estudo é fruto do trabalho de uma equipe de 70 pesquisadores internacionais que coletaram e reuniram dados de 43 países entre 1991 e 2018.

Sua metodologia se baseou no cruzamento dos dados de saúde com as temperaturas registradas e algumas modelagens climáticas. Também compararam o número de mortes ocorridas com as que seriam esperadas sem o fenômeno do aquecimento global.

A conclusão deles é que uma média de 37% dos óbitos relacionados com as altas temperaturas é diretamente atribuível às mudanças climáticas. Em números, este percentual representa 100.000 mortes a cada ano, segundo os pesquisadores.

Este número pode, inclusive, estar subestimado, já que falta informação de algumas regiões especialmente afetadas pelas canículas, como a África Central e o sul da Ásia.

Em países desenvolvidos, como Estados Unidos, Austrália, França, Grã-Bretanha e Espanha, o percentual de mortes atribuíveis ao aquecimento oscila entre 35% e 39%, mas passa de 40% em nações como México, Chile, África do Sul, Tailândia e Vietnã. Em outros, como Brasil, Colômbia, Peru, Guatemala e Filipinas, dispara, superando 60%.

- Impactos negativos -

Esses resultados mostram que "a mudança climática não é um fenômeno de um futuro distante", alerta Antonio Gasparrini, principal autor do estudo e professor da London School of Hygiene and Tropical Medicine.

"Podemos medir os impactos negativos na saúde, além dos efeitos ambientais e ecológicos já conhecidos", completou.

Um estudo de 2019 publicado na revista médica "The Lancet" estimou em 300.000 mortes anuais no mundo relacionadas a ondas de calor. Segundo os cientistas, este fenômeno continuará a se multiplicar sob os efeitos das mudanças climáticas.

Esta mortalidade não se deve, porém, exclusivamente ao aumento das temperaturas do verão (+1,5ºC desde 1991 nas regiões cobertas pelo estudo).

A duração das ondas de calor, o aumento das temperaturas noturnas, em comparação com as diurnas, e as taxas de umidade também desempenham um papel importante. As técnicas de adaptação também entram em jogo, de acordo com o estudo.

A mortalidade poderia ser reduzida, por exemplo, se o uso do ar-condicionado fosse estendido, mas esta, por ser uma tecnologia energética, contribui por sua vez para o aquecimento.

Os estudos sobre as consequências do aquecimento global, principalmente os fenômenos climáticos extremos, multiplicaram-se nos últimos anos, mas são poucos os que se referem à saúde humana, afirma Dan Mitchell, pesquisador da Universidade de Bristol (Grã-Bretanha), em comentário publicado na "Nature Climate Change".

Este novo "ponto de vista é essencial para que os líderes mundiais compreendam os riscos", disse Mitchell.

O ano de 2021 é considerado crucial para a ação contra as mudanças climáticas, com a realização da COP26, em novembro próximo, em Glasgow (Escócia), convocada a tomar decisões determinantes contra este fenômeno - antes que se torne irreversível.


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