A China vai autorizar até três filhos por família, ao acabar com o limite de dois ainda em vigor, com a esperança de reativar a taxa de natalidade no país mais populoso do mundo.
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China limita viagens em sua província mais populosa por casos de covid-19Biden pressiona China com investigação sobre o vírus antes de cúpula do G-7Escalar uma torre de 57 andares na China, atração para turistas em busca de adrenalina"Em resposta ao envelhecimento da população (...) os casais serão autorizadas a ter três filhos", informou a agência estatal de notícias Xinhua, ao destacar as conclusões de uma reunião do gabinete político do Partido Comunista comandada pelo presidente Xi Jinping.
A medida deve ser acompanhada por "medidas de apoio" às famílias, acrescentou a agência, sem revelar detalhes.
No início de maio, os resultados do censo realizado em 2020 revelaram um envelhecimento mais rápido que o esperado da população chinesa.
No ano passado, marcado pela pandemia da covid-19, o número de nascimentos no país caiu para 12 milhões, contra 14,65 milhões em 2019, ano em que a taxa de natalidade (10,48 por 1.000 habitantes) foi uma das menores desde a fundação da China comunista, em 1949.
No fim dos anos 1970, as autoridades chinesas descobriram com espanto que a população se aproximava de um bilhão de habitantes, quase o dobro na comparação com 1949. Em resposta, o então homem forte do regime, Deng Xiaoping, impôs a "política do filho único", que previa fortes multas para os infratores, mas com flexibilizações para as minorias étnicas, ou famílias de agricultores, quando o primeiro filho era uma menina.
Depois de mais de três décadas da "política do filho único", muito criticada - por abortos e esterilizações forçadas -, a China flexibilizou as regras em 2016 e permitiu a todos os chineses terem o segundo filho.
A nova política foi insuficiente para estimular a taxa de natalidade, em queda livre por várias razões.
Entre os motivos estão a redução dos casamentos, o aumento do custo da moradia e da educação, a decisão das mulheres de adiarem os planos de gravidez para privilegiar a carreira profissional e o excesso do número de homens em relação às mulheres, devido à preferência tradicional por filhos homens.
- Índia a caminho da liderança -
No outro extremo da pirâmide, a China tinha mais de 264 milhões de pessoas com mais 60 anos em 2020.
O grupo de pessoas com mais de 60 anos constitui agora 18,7% do total da população, um aumento de 5,44 pontos percentuais na comparação com o censo de 2010.
Já a população em idade ativa (15 a 59 anos) representa 63,35% do total, uma queda de 6,79 pontos na comparação com a década anterior.
Em março, o Parlamento aprovou um plano para aumentar gradualmente a idade de aposentadoria durante os próximos cinco anos, o que desagradou a uma grande parte da população. Os detalhes da política não foram revelados.
Os demógrafos advertiram para o risco de uma evolução ao estilo japonês o sul-coreano, com uma redução da população e um excesso de pessoas mais velhas em comparação com os jovens e a população economicamente ativa.
O crescimento da população registrou forte desaceleração.
De acordo com o censo, o país de maior população do mundo tinha oficialmente 1,411 bilhão de habitantes no fim de 2020.
Na comparação com o censo de 2010, a população aumentou apenas 5,38% (uma média de 0,53% por ano), ou seja, a menor taxa de crescimento desde os anos 1960.
A este ritmo, a China pode perder mais rápido do que o previsto o título de maior população do mundo para a Índia: o grande vizinho do Sul teria 1,38 bilhão de habitantes em 2020, segundo as estimativas da ONU.
Até o momento, a China projetava que sua curva de crescimento alcançaria o ponto máximo em 2027, quando a Índia a superaria. A população da China começaria, então, a diminuir e chegaria a 1,32 bilhão de habitantes em 2050.
Nos últimos anos, algumas vozes pediram o fim de qualquer limite para o número de filhos por família, mas o regime comunista se negou a suspender todo controle neste âmbito.