Jornal Estado de Minas

LONDRES

Estátua de escravocrata derrubada em Bristol será o foco da exposição Black Lives Matter

A estátua do comerciante de escravos britânico Edward Colston, jogada nas águas do rio Avon em junho do ano passado por iniciativa do movimento Black Lives Matter, será o centro de uma exposição temporária dedicada ao futuro e nascimento deste movimento no Reino Unido, anunciou o município de Bristol.



"A estátua de Colston: E depois?" é uma "exposição temporária que visa iniciar uma discussão sobre nossa história", afirmou o prefeito de Bristol, Marvin Rees, em um comunicado na sexta-feira.

Em 7 de junho de 2020, a estátua, altamente polêmica durante anos, foi desmontada e jogada nas águas do Avon, um rio que corta a cidade de Bristol, durante as manifestações Black Lives Matter (BLM), devido à morte de George Floyd no final de maio, o americano negro morto por um policial em Minneapolis (EUA).

Quase um ano depois, o Museu de Arte Contemporâneo M Shed vai expor a escultura resgatada das águas, agora cheia de grafites, montada pelas equipes de conservação do museu. Paralelamente, será exibida uma linha do tempo dos principais eventos, além de cartazes de manifestações do Black Lives Matter.

A exposição, gratuita, será inaugurada no dia 4 de junho, e será, antes de tudo, uma ocasião para recolher as opiniões dos habitantes da cidade sobre o futuro da estátua, com uma pesquisa realizada pela comissão de história "We are Bristol".

"O futuro da estátua deve ser decidido pelo povo de Bristol e, portanto, convido a todos a aproveitarem esta oportunidade para compartilhar suas perspectivas e se informar sobre decisões futuras", disse Rees.



"O dia 7 de junho de 2020 é sem dúvida um dia importante na história de Bristol", acrescentou, elogiando o "profundo impacto" que esse gesto de protesto teve, "não só na cidade, mas também em todo o país".

Como consequência do movimento Black Lives Matter, discussões, questionamentos e reflexões sobre o passado colonial e sua representação se espalharam por todo o Reino Unido.

Quatro pessoas, que foram processadas por desmontar a estátua, se declararam inocentes em janeiro passado pelos danos causados e serão julgadas ainda este ano.

Edward Colston ficou rico como proprietário de escravos. Diz-se que ele roubou 100.000 escravos da África Ocidental para serem vendidos na região do Caribe e das Américas entre 1672 e 1689, para depois utilizar a sua fortuna em grande parte para financiar o desenvolvimento de Bristol, o que durante muito tempo rendeu a reputação de filantropo.

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