Esta visita de Lukashenko à estação balneária russa de Sochi, às margens do Mar Negro (sul), ocorre quando Belarus é sujeita a sanções da União Europeia (UE), que a acusa de desviar um avião para parar um opositor.
Putin elogiou os "resultados concretos" da reaproximação com Belarus na sexta-feira, ao receber Lukashenko.
"Estamos construindo uma união mais forte" entre os dois países, declarou Putin. "Estamos avançando continuamente nessa direção (...) e esse trabalho já está produzindo resultados concretos para nossos cidadãos", acrescentou.
No domingo, Belarus desviou um voo entre Atenas e Vilnius para Minsk, medida que, segundo as autoridades do país, foi necessária devido ao alerta de bomba que receberam e que culminou na prisão de um jornalista dissidente que viajava no avião.
Para a UE, que imediatamente pediu às companhias aéreas que evitassem o espaço aéreo do país, o alerta de bomba foi uma farsa.
"É muito claro o que eles querem de nós, esses amigos ocidentais", disse Lukashenko a Putin.
"Há uma tentativa de desestabilizar o país para que a situação fique igual a agosto passado", referindo-se à onda de protestos contra o regime.
- "Irresponsável" -
Para a Rússia, Belarus tem sido transparente no caso. A porta-voz da diplomacia de Moscou, Maria Zakharova, acusou os 27 países membros da UE de comportamento "irresponsável que coloca em risco a segurança dos passageiros" ao pedir que as companhias aéreas evitem o espaço aéreo bielorrusso.
A decisão da UE provocou o cancelamento de vários voos da Air France. A Austrian Airlines anunciou o cancelamento do voo Viena-Moscou depois que as autoridades russas rejeitaram uma mudança de rota para evitar o espaço aéreo de Belarus.
Alguns países temem que estas seriam medidas de represália russas, o que o Kremlin negou, alegando motivos "técnicos". A autoridade aérea russa Rossaviatsia explicou o atraso na confirmação dos planos de voo pelo "aumento de demandas das companhias aéreas".
O presidente bielorrusso rebateu durante a semana as acusações dos países ocidentais, que consideram que o avião foi desviado para possibilitar a detenção do dissidente Roman Protasevich.
Lukashenko defendeu o desvio do avião como uma ação legal "para proteger o povo" de uma suposta ameaça de bomba no avião e alegou que não sabia que Protasevich estava a bordo.
- Encenação -
As suspeitas de que o alerta de bomba foi uma encenação, no entanto, foram reforçadas por dois elementos.
A empresa Proton Technologies, com sede na Suíça, responsável pelo endereço da conta eletrônica responsável pela ameaça de bomba, revelou que "a mensagem foi enviada depois que o avião foi desviado".
O site Dossier.center publica uma foto apresentada como a do e-mail, cuja hora de envio é 9H57 GMT. Mas a transcrição das conversas entre o voo FR4978 e os controladores aéreos bielorrussos, publicada por Minsk, estabelece que o piloto foi informado da ameaça às 9H30 GMT, e um minuto depois recebeu a recomendação de pousar na capital bielorrussa.
As autoridades de Belarus afirmam que o aeroporto de Minsk recebeu uma mensagem eletrônica assinada pelo movimento islamita Hamas informando sobre uma bomba a bordo.
O comitê investigativo bielorrusso negou as alegações de encenação, afirmando em um comunicado que várias mensagens ameaçadoras foram recebidas no domingo de manhã.
A Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) decidiu investigar o incidente.
Protasevich, que foi detido no aeroporto de Minsk com sua companheira Sofia Sapega, foi visto pela última vez em um vídeo divulgado pelas autoridades bielorrussas na segunda-feira, no qual supostamente admite ter ajudado a organizar distúrbios, uma acusação que pode provocar uma pena de 15 anos de prisão.
A mãe do jornalista fez um apelo emocionado na quinta-feira em Varsóvia
"Quero que transmitam nosso pedido pelo mundo, aos representantes dos governos, aos dirigentes da UE, aos dirigentes americanos: grito, suplico, ajudem a libertar meu filho", declarou Natalia Protasévich.
Nesta sexta-feira, a Lituânia anunciou a expulsão de dois diplomatas bielorrussos por "atividades incompatíveis com estatuto de um diplomata".
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