"Eu não sei do que podem me acusar, não sei na qualidade de testemunha do quê estou aqui, não sei de que lavagem de dinheiro falam", disse a correspondente da Univisión, María Lili Delgado, uma das intimadas. Ela foi avisada que podem voltar a ser convocada.
A intimação "urgente" foi enviada a Delgado na segunda-feira, assim como à jornalista Verónica Chávez, coproprietária do veículo digital 100% Noticias; a Roberto Cárcamo, da ABC stereo; e ao empresário Fabio Gadea, dono da Radio Corporación, uma das mais antigas do país.
Além disso, foram intimados os jornalistas Lourdes Arróliga e Guillermo Medrano, que trabalhavam na Fundação Violeta Barrios de Chamorro (FVBCH), que encerrou as operações em fevereiro, afetada por uma lei que exigia reportar a recepção de fundos recebidos do exterior e se declarar como agente estrangeiro.
Os comunicadores se recusaram a depor sem a presença de um advogado. Mas foram advertidos de que se fossem com a defesa, sua condição seria alterada de "testemunha a acusado", denunciou Delgado, que trabalhou para a FVBCH no passado.
Ele explicou que sua relação com a ONG foi na coordenação de mídia e capacitação de jornalistas. "Isso não é crime", afirmou.
O interrogatório começou na sexta-feira passada, quando o governo vinculou Cristiana Chamorro à lavagem de dinheiro através da fundação que leva o nome de sua mãe, a ex-presidente Violeta Barrios de Chamorro (1990-1997), e que atua na promoção da liberdade de expressão.
No mesmo dia, a polícia realizou batidas nos escritórios do veículo digital Confidencial, dirigido por seu irmão, Carlos Fernando Chamorro, que deu cobertura aos prolongados protestos antigovernamentais de 2018 e que terminaram com 328 mortos, segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
Para Ortega, tratou-se de um "golpe de Estado" frustrado promovido nos Estados Unidos.
Cristiana considerou o caso contra ela como "uma farsa grosseira" e denunciou que suas contas bancárias foram congeladas e teve quebrado o sigilo bancário.
A presidenciável tem 13,3% de apoio da população, segundo pesquisa realizada em janeiro pela empresa Cid Gallup, e se alinha como adversária de Ortega, no poder desde 2007 e que, segundo seus opositores, tentará um quarto mandato consecutivo.
Com um processo judicial em aberto, Chamorro poderá ficar de fora da disputa eleitoral de 7 de novembro, segundo as leis da Nicarágua.
MANÁGUA