Na segunda-feira (24), o primeiro dia de cúpula, os chefes de Estado e de Governo da UE concordaram sobre um novo conjunto de sanções contra Belarus por ter desviado um avião europeu que transportava um jornalista da oposição.
Preocupados com coordenar a reabertura gradual de suas fronteiras com a aproximação do verão (inverno no Brasil), com o avanço das campanhas de vacinação, os 27 apoiaram nesta terça a elaboração de um "certificado digital europeu covid", pedindo seu "rápido estabelecimento", segundo conclusões divulgadas.
Na semana passada, eurodeputados e Estados-membros concordaram com a adoção deste passe comum, destinado a facilitar as viagens dentro da UE a partir de 1º de julho. O documento atestará que uma pessoa foi vacinada contra a covid-19, que seu teste deu negativo, ou que ficou imune após contrair a doença.
Os 27 também concordaram em permitir a entrada no bloco de viajantes de países terceiros que tenham recebido as doses necessárias das vacinas anticovid aprovadas pelos europeus.
"O atestado de saúde é particularmente importante para relançar nossa economia, com a livre-circulação de trabalhadores, mas também de turistas neste verão", afirmou o primeiro-ministro croata, Andrej Plenkovic, cujo país é muito dependente do turismo.
Alguns Estados querem, porém, reservar-se o direito de impor certas medidas aos titulares desses certificados, como quarentenas, em face do surgimento de variantes, por exemplo.
"Tudo depende da situação de saúde em seu país e do viajante. Será complexo", admitiu à AFP o ministro irlandês para Assuntos Europeus, Thomas Byrne.
Cerca de 170 milhões de pessoas na UE (ou 46% da população adulta) terão sido vacinadas até 30 de maio, de acordo com a Comissão Europeia, que prevê uma taxa de 70% até o final de julho.
- "Cada um deve fazer sua parte" -
Mas a unidade que ficou evidente no posicionamento sobre Belarus ou o atestado sanitário digital esteve ausente quando a discussão se concentrou nas ações do bloco contra as mudanças climáticas.
Os líderes apresentam suas posições sobre o futuro plano de ação climática que a Comissão irá propor em meados de julho, visando a alcançar a neutralidade de carbono no continente até 2050.
Em dezembro passado, os 27 concordaram em reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa na UE em, pelo menos, 55% até 2030, em comparação com 1990.
Ao discutir os detalhes de como atingir essas metas e a responsabilidade de cada país, as divisões foram novamente expostas.
Em particular, a ideia enfrenta resistência de países cujas economias são altamente dependentes dos combustíveis fósseis, como a Polônia e a Romênia.
O chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, destacou que "obviamente há discrepâncias" nos detalhes, mas ressaltou que "este compromisso de 55% é mantido" na redução das emissões e que a Espanha está "claramente comprometida com esse objetivo".
O texto das Conclusões da Cúpula mostra que foi eliminado um parágrafo inteiro que constava no rascunho: aquele que se referia à necessidade de "reafirmar os objetivos nacionais em esforços compartilhados" para reduzir as emissões.
Em vez disso, o documento aprovado menciona apenas que os países da UE voltarão a discutir este assunto "no momento oportuno, quando a Comissão [Europeia] apresentar suas propostas".
Para o Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, para além "das conclusões escritas, que são relativamente breves, houve um intercâmbio denso, útil e necessário" nas reuniões, em que cada representante exprimiu as suas preocupações.
BRUXELAS