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Estado de Minas MÉXICO

Candidatas trans disputam eleições mexicanas contra o jugo da discriminação


20/05/2021 14:25

Lady, uma indígena transgênero, quer romper o "jugo" da discriminação; as transexuais Fernanda e Valeria pretendem lutar pela identidade de gênero e superar estereótipos. Para isso, disputam o voto dos mexicanos nas eleições legislativas e regionais de 6 de junho.

Lady Tacos de Canasta (Lady Tacos de Cesto), como se faz chamar esta vendedora ambulante da tradicional iguaria mexicana que apareceu em um documentário da Netflix, se identifica como 'muxe', terceiro gênero na etnia zapoteca.

Sua condição de indígena e transgênero - pela qual se veste de mulher - a fez sofrer "discriminação desde sempre", conta.

Para extirpar este mal, quer chegar ao Congresso da Cidade do México em eleições de meio de mandato.

"É continuar suportando o jugo de toda a vida ou tirá-lo e dizer: não é mais possível te perseguirem por quem você é", afirma Lady, de 36 anos, que quer melhorar os serviços de saúde para a comunidade LGBT e proteger os vendedores informais.

"É o momento de representar toda essa gente que sai para trabalhar dignamente", afirma Marven - seu outro pseudônimo -, do partido Elige.

Lady, originária de Oaxaca (sul) e que aparecerá na cédula com seu nome de registro - Juan Francisco Martínez - ganhou reconhecimento em 2020 após uma discussão com policiais que a impediam de trabalhar nas ruas da capital mexicana.

- Falsos trans -

Em 6 de junho, os mexicanos vão eleger 500 deputados da Câmara Federal, além de 15 governadores e 20.000 cargos locais.

Só na Câmara dos Deputados federal, cerca de 40 candidatas trans disputam assentos.

Fernanda Perera, de 34 anos, entrou na disputa no estado de Zacatecas (norte), visando tornar-se a primeira governadora transexual do México. Ela pretende impulsionar a identidade de gênero entre seus concidadãos.

Esse direito, que permite alterar o nome e o gênero em documentos oficiais, é reconhecido em 13 dos 32 estados mexicanos.

Perera, do partido Redes Sociais Progressistas, teve que realizar este trâmite na Cidade do México em 2016, razão pela qual sua proposta é que Zacatecas tenha uma instância que resolva esta e outras demandas da comunidade LGBT.

"Somos marginalizados e violados por todos os lados", afirma a candidata, para quem esta situação é como ser "invisível perante a lei".

Por causa da violência de que são vítimas, a expectativa de vida das pessoas trans é de 35 anos no México, segundo a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos, contra 77 para o restante da população.

É o segundo país mais letal para os transexuais depois do Brasil, segundo as ONGs Letra S e Transgender Europe.

O Instituto Nacional Eleitoral exige que os partidos incluam candidatos indígenas, portadores de deficiência e da diversidade sexual, mas a deputada federal Lucía Riojas denuncia oportunismo e corrupção em algumas associações.

Ela se refere ao caso do Fuerza por México, ao qual coletivos LGBT acusaram autoridades eleitorais de ter apresentado 18 homens como transexuais para cumprir a cota de gênero em Tlaxcala (centro).

"Não só violaram as diretrizes, também debocharam da dívida histórica com a comunidade LGBT", avalia Riojas, que promove incentivos para uma "inclusão real".

Um caso similar ocorreu em 2018 em Oaxaca, onde foram excluídos 18 falsos candidatos transgênero.

- Tendência regional -

Valeria Lorety, estilista de 36 anos, travou uma dura batalha para se candidatar à prefeitura de Zacatelco (Tlaxcala).

"Foi muito complicado porque em outros partidos houve muita discriminação para não me deixar participar", conta à AFP. Por fim, conseguiu fazê-lo pelo Partido Verde Ecologista do México.

Para Lorety, empenhada em quebrar estereótipos, o caminho percorrido já é "um feito".

Até agora apenas uma transgênero, Rubí Araujo, conseguiu chegar a um cargo eletivo no México como vereadora do município de Guanajuato (centro) em 2016.

A tendência é similar em países da região como o Equador, onde a ativista Diane Rodríguez foi eleita deputada à Assembleia Nacional em 2017.

Enquanto isso, no Brasil, Erika Hilton (PSOL) se tornou a primeira vereadora trans e negra de São Paulo em novembro passado. Ela também foi a mulher mais votada nas eleições municipais.

As pessoas trans começam a ocupar um espaço no espectro político que era "inevitável", avalia Lorety.

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