É aos talibãs, porém, que este encarregado de negócios atribui o aumento da violência no Afeganistão, acusando-os de romper os compromissos assumidos durante as discussões para a paz. Entre eles, está a retirada das forças americanas deste país.
"O EI aqui continua sendo uma força poderosa, e é uma das tantas razões pelas quais continuamos dando assistência em segurança e antiterrorismo às autoridades afegãs", disse ele, ontem, na entrevista à AFP.
Em 8 de maio, um ataque foi lançado perto de uma escola para meninas em Cabul, deixando mais de 50 mortos. E, na sexta-feira passada, houve outro atentado, desta vez contra uma mesquita, na periferia da capital, com 12 mortos. Apenas a autoria deste último foi reivindicada pelo EI.
"O ataque perto da escola e o da mesquita, dias depois, parecem claramente obra do chamado Estado Islâmico", afirmou, acrescentando que elementos da Al-Qaeda também continuam em operação no país.
"Isso não isenta ninguém e, é claro, tampouco os talibãs, pela violência, em que estão diretamente envolvidos, ou pelo ecossistema de terrorismo e os excessos, dos quais continuam sendo (...) profundamente cúmplices", ressaltou.
Apesar dos desmentidos dos talibãs e das reivindicações do EI, o governo afegão responsabiliza os primeiros, frequentemente, pela violência contra civis, argumentando que o EI foi derrotado há dois anos em seu antigo reduto, a província de Nangarhar (leste).
- 'Continuamos aqui'
Wilson acusa os talibãs de lançarem, nos últimos meses, ofensivas "importantes" contra forças e civis afegãos, "tomando-os como alvo em mercados e cidades em todo país".
Com uma carreira que inclui passagens por Rússia e Turquia, o diplomata classifica a violência como "injustificável", no momento em que os talibãs mantêm as conversas de paz com Cabul - ainda que estancadas atualmente.
"Estamos profundamente decepcionados com o comportamento dos talibãs e com a perseguição desta violência injustificada contra os afegãos", disse Wilson.
"Não tem qualquer sentido (...), quando você está comprometido com um processo político", acrescentou.
Em Cabul desde janeiro de 2020, o diplomata diz que Washington ainda acredita em uma solução pacífica.
"O que tentamos fazer agora é promover este acordo político que leve a um cessar-fogo e ao fim permanente dos combates", explicou.
"É óbvio que o país continuará enfrentando problemas difíceis durante meses, ou anos", reconheceu.
E reforçou: "Somos claros em nosso compromisso de continuar nossa assistência de segurança (...) Não vamos a parte alguma. Estamos aqui".
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